Em 11 de dezembro, uma equipe internacional da Universidade Charles Darwin (UCD), na Austrália, declarou que uma espécie rara de arraia está extinta. O Urolophus javanicus, também chamado de Java Stingaree pelos australianos, é o primeiro tipo de peixe que entrou em extinção por conta da atividade humana.
A instituição é responsável pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, uma das fontes mais completas de risco de extinção e estado de animais, fungos e espécies de plantas. Desde sua criação, em 1964, o relatório já identificou mais de 41,2 mil espécies ameaçadas de extinção globalmente.
A espécie do Java Stingaree era tão rara que só há registros de um espécime coletado em 1862 em um mercado de peixes em Jacarta, na Indonésia. O time da UCD conduziu uma análise incorporando todas as informações disponíveis sobre esse tipo de arraia.
Em comunicado, Julia Constance, pesquisadora e candidata a PhD na Universidade Charles Darwin, listou alguns fatores que contribuíram para o desaparecimento da espécie. “A pesca intensa e não regulamentada provavelmente é a maior ameaça que resultou na diminuição da população dos Java Stingarees, já com um declínio das capturas de Java Stingarees no mar de Java por volta dos anos 1870.”
“A costa norte do Java, principalmente na Baía Jacarta, onde sabia-se que a espécie habitava, também é extremamente industrializada, com perdas a longo prazo de habitats e degradação”, disse Constance. “Esses impactos, infelizmente, foram graves o suficiente para causar a extinção desta espécie.”
Na análise, os especialistas estudaram ameaças conhecidas como o excesso de pesca, a perda de habitat e se a espécie foi registrada em pesquisas de mercados de peixes. De acordo com a candidata a PhD Benaya Simeon, que estuda arraias em perigo de extinção na Indonésia, apesar dos esforços de pesquisa, desde 2001 mais nenhum espécime foi encontrado.
“A variedade de lugares em que peixes aparecem na costa norte do Java e através da Indonésia tem sido monitorada de maneira extensiva, mas não há registros da espécie de pequenas arraias”, explicou Simeon, também no comunicado. “O Java Stingaree era uma arraia única do tamanho de um prato, sem espécies similares no Java, e o fato de que não foi encontrada em inumeráveis pesquisas confirma a extinção.”
Para o pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa para o Ambiente e a Vida da UCD, dr. Peter Kyne, a perda dos Java Stingarees é um ponto de virada para a biodiversidade marinha. Há mais de 120 espécies marinhas que correm grande risco de extinção ao redor do mundo. A declaração de extinção das pequenas arraias “é um sinal para todos ao redor do mundo de que precisamos proteger espécies marinhas ameaçadas”.
“Temos que pensar em estratégias apropriadas de administração, como proteger o habitat e reduzir o excesso de pesca ao mesmo tempo mantendo o sustento das pessoas que dependem dos recursos dos peixes”, refletiu Kyne.
“A extinção é para sempre e, a não ser que consigamos proteger as populações ameaçadas de espécies marinhas no mundo, o Java Stingaree será só a ponta do iceberg”, concluiu Constance.
Fonte: Revista Galileu.
Foto: Edda Aßel, Museum für Naturkunde Berlin.