Pequenos negócios se conectam ao mercado de energia renovável

Pensando no potencial de crescimento do setor de energia fotovoltaica no Rio Grande do Norte, o engenheiro elétrico Hélcio de Carvalho, 33, resolveu buscar uma formação técnica para ingressar nesse mercado. Ele ingressou no curso técnico eletrotécnica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN) e conseguiu uma vaga de estágio numa empresa prestadora do serviço. A empresa que ele trabalha é uma das 600 que aquece esse mercado no Estado, um dos mais promissores na produção de energia renovável, inclusive a solar, que consegue formar uma cadeia produtiva mais consistente.

As mais de 600 empresas integradoras no Rio Grande do Norte, segundo dados do Sebrae/RN, geram entre 10 e 15 postos de trabalho direto ou indireto, cada uma, que soma algo em torno de 9 mil empregos. E foi essa realidade que alimentou as expectativas do Hélcio. “Como engenheiro eletricista, me interessei devido à expansão que desse mercado no estado que já lidera em energia eólica e agora avança com a solar. Surgiu a oportunidade na empresa que estou e a expectativa é de ganhar conhecimento, acompanhar o que tem de novo e crescer”, afirmou Hélcio.

Segundo a Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER), os investimentos estimados para 2022 no setor fotovoltaico deverão situar-se em torno dos R$ 800 milhões no Rio Grande do Norte. O valor saltou de R$ 209.303,52 em 2020 para R$ 542.036,10 em 2021, num aumento de 159%. A estimativa se baseia em dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), nos preços praticados no mercado local e nos dados da consultoria Greener, empresa de consultoria e pesquisa especializada no setor fotovoltaico, considerando ainda a potência instalada no Estado a cada ano.

A Greener, no Estudo Estratégico Geração Distribuída Mercado Fotovoltaico, de agosto de 2022, estimou que existem no Brasil 26.050 empresas integradoras que efetivamente realizaram negócios em 2022, com 1.318.755 sistemas conectados à rede. Desses, 32.224 sistemas conectados estão no Rio Grande do Norte.

“A gente vê um mercado ganhando cada vez mais maturidade, mais empresas entrando no mercado. É um mercado ficando cada vez mais consolidado”, avalia Mateus Penazzo, engenheiro e consultor da Greener.

Segundo observa, o integrador, que é aquela empresa que está na ponta instalando os sistemas, está começando a sair da guerra de preços e focando mais em reputação, em qualidade e pós-venda. “Isso está sendo fundamental para que a gente tenha melhores instalações, melhores usinas e para que o setor cresça como um todo. A gente enxerga muito potencial  em energia solar, muita transformação, tendência com evolução tecnológica. É uma das energias que têm tido uma queda de custo mais expressiva  e a previsão é de que o custo continue ganhando eficiência”, declara Penazzo.

Nos nos últimos seis anos houve uma redução de 44% no preço do sistema residencial instalado, aquele do telhado das casas. Segundo levantamento da Greneer, em 2016 o preço do kit, com placas, inversores e o serviço de instalação, era R$ 8,77 por kWp (quilowatt-pico). Até junho/2022 tinha caído para R$ 4,88 por kWp. Considerando a necessidade de um sistema comercializado no Rio Grande do Norte, o preço final é de cerca de R$ 19.500,00, quase a metade do que custava há seis anos.

O payback, que é o tempo que leva para que o investimento se transforme em lucro, também é atrativo. “É o tempo que cliente levará para ter o retorno do investimento. Para o sistema residencial, levando em conta o índice solarimétrico, a tarifa de energia e o preço médio do sistema solar, a gente tem que o payback do Rio Grande do Norte está em torno de 4 anos e de 3.6 anos para um sistema comercial de pequeno porte”, revela Mateus Penazzo.

O índice solarimétrico mede a quantidade de luz solar incidente. O maior payback residencial no país é o de 6.2 anos em Santa Catarina e o menor é 3.8 anos na Bahia, segundo estudos da Greener.

Fonte: TN RN.

Foto: Divulgação.