Ao investigar dados da expedição Tara Ocean, que coletou cerca de 35 mil amostras de água oceânica entre 2009 e 2013, uma equipe de pesquisadores da França, Japão, Alemanha e Dinamarca identificou um tipo de vírus nunca antes visto. A espécie, apelidada de “mirusvírus” — sendo que “mirus” significa “estranho” em latim —, prospera em regiões iluminadas pelo Sol, infecta plânctons e pode ter respostas sobre a origem da herpes.
Esses agentes foram descritos em artigo publicado em 19 de abril na revista científica Nature. Com base nos genes apresentados em seu DNA de fita dupla, o estudo concluiu que os mirusvírus são pertencentes ao grupo Duplodnaviria, que inclui espécies como o vírus da herpes. Além disso, eles compartilham um número impressionante de material genético com um grupo de vírus do tipo Varidnaviria.
“É por isso que os consideramos quiméricos, porque são uma mistura de dois grupos diferentes de vírus. Isso significa que há uma história evolutiva compartilhada entre a herpes, que infecta apenas animais, e os mirusvírus, que estão por toda parte nos oceanos [polares, temperados e tropicais], onde infectam organismos unicelulares”, explica Tom Delmont, um dos pesquisadores responsáveis pela descoberta, ao site Live Science.
Os cientistas apontam ainda a possibilidade do mirusvírus ser responsável por auxiliar na filtragem de carbono e na liberação de nutrientes pelos mares por meio da infecção dos plânctons. Dessa forma, esses vírus incomuns representam uma nova frente de pesquisa sobre a vida microbiana nos oceanos.
“Tentaremos isolar os mirusvírus no próximo ano. O isolamento agora é essencial para desvendar o mistério desse novo grupo viral”, conclui Hiroyuki Ogata, coautor do estudo.
Fonte: Revista Galileu.
Foto: Wikimedia Commons.