É bem provável que você tenha acompanhado recentemente a história de um elefante que pisoteou uma idosa causando sua morte. Não satisfeito, o animal voltou horas depois para atacar o cadáver da senhora enquanto era velado. Além disso, ainda espalhou o terror na vila onde ela vivia, matando suas cabras e até destruindo sua residência.
Talvez você até imagine que esse seja um caso isolado. No entanto, esse tipo de ataque raivoso e vingativo por parte dos elefantes não é raro e muito menos algo recente.
Os elefantes não perdoam
Há 16 anos, a New Scientist publicou um artigo apontando que elefantes estariam atacando vilarejos humanos como uma atitude de revolta e vingança pelos abusos que sofriam.
A publicação citou Uganda como exemplo. Havia muita comida para poucos elefantes, ainda assim, eles insistiam em invadir as aldeias e bloquear as estradas causando uma série de danos. A explicação dada pelos cientistas remetia há décadas atrás: entre os anos de 1970 e 1980.
Nesse período, muitos elefantes da região foram caçados. Como era de se esperar, esses animais ficaram estressados, traumatizados, testemunharam a morte de familiares ou até ficaram órfãos.
Além disso, com a morte das matriarcas experientes, elefantas mais novas e sem muita experiência acabaram se tornando responsáveis por seus grupos. Como consequência, as gerações posteriores não receberam todo o conhecimento e cuidado de que necessitavam.
Os elefantes são criaturas muito sociais e extremamente próximas de suas famílias. Os membros femininos, por exemplo, tendem a permanecer juntas a vida inteira. E como são animais muito inteligentes, o que acontece com eles permanece com eles por toda a vida. Aliás, é daí que surgiu o velho ditado que elefantes nunca se esquecem.
Dada essa proximidade familiar e a capacidade de compreensão desses animais, qualquer dor, morte ou separação é extremamente devastadora para eles. E em um momento ou outro eles podem querer buscar por vingança.
O drama e a raiva dos elefantes
Os ataques de elefantes a humanos, tanto na África quanto na Índia, ou até mesmo na Tailândia, aumentaram significativamente nos últimos anos.
Além de todos os traumas desencadeadores da raiva vingativa devido à caça, conforme o artigo da New Scientist, os cientistas também apontam outro problema: embora já se tenha conhecimento de que algo deve ser feito para proteger esses animais, muitas culturas insistem em continuar desestabilizando a estrutura social dessas criaturas magníficas abrindo caminho para situações com a descrita no início desse artigo.
Por exemplo, na Índia é possível encontrar templos onde as mulheres vão para ser abençoadas por elefantes que colocam suas trombas sobre suas cabeças. Também não é raro encontrar elefantes retirados de suas famílias para ficarem do lado de fora de cerimônias de casamento, ou para levar prefeitos em desfiles pelas ruas. Sem contar que muitas vezes esses animais são provocados na selva apenas para que turistas consigam uma boa foto. E, claro, ainda temos o problema da caça.
Felizmente, existe um movimento da comunidade científica, da sociedade e de ambientalistas de vários países para que as pessoas parem de enxergar certos animais como sagrados, o que representa um perigo, visto que eles pertencem à selva, não à cidade.
Talvez, daqui há algumas décadas, tenhamos notícias mais animadoras com os elefantes sendo mais protegidos, e menos mortos ou explorados.
Fonte: Mega Curioso.
Foto: Shutterstock.