Imaginar um mundo sem plástico pode parecer utópico, ou seja, um sonho. Afinal, os seres humanos usam esse material desde o momento em que acorda até quando vai dormir. Presente seja numa escova de dentes; nos objetos da mesa de trabalho; ou nos passos que envolvem o preparo de alimentos, ou nos aparelhos usados para nos comunicar, a lista de objetos que levam plástico em sua feitura é longa e traz muitos itens do dia a dia.
Mas há pouco mais de um século, esse material tão popular hoje ainda era uma raridade.
No início de sua existência, o plástico se mostrou muito útil, ampliou o acesso a diversos produtos e forneceu novas soluções. Ele ainda é essencial ainda hoje para alguns setores, como a medicina ou a tecnologia. Porém, seu uso excessivo, especialmente como embalagem de uso único (ou seja, aquelas destinadas a serem descartadas após um curto período), fez com que ele se tornasse um dos maiores problemas ambientais do planeta.
Do canto mais remoto da Terra, às profundezas do oceano, passando pelo sangue humano e pela placenta que reveste o útero feminino, o plástico está agora em toda parte. Veja aqui um breve resumo de sua história.
Quando o plástico foi criado?
Plásticos naturais, como casco de tartaruga, âmbar, borracha e goma-laca, são trabalhados desde a Antiguidade, explica o Science Museum de Londres, museu dedicado à descobertas científicas localizado na Inglaterra.
Entretanto, o plástico sintético é muito mais novo e um de seus antecessores foi a parkesina, patenteada em 1862 pelo artesão e químico inglês Alexander Parkes. Considerado o primeiro plástico manufaturado, era um substituto barato para marfim ou casco de tartaruga. Essa invenção foi adotada e desenvolvida por outros, levando à criação do celulóide (mais popularmente usado em filmes).
O surgimento do plástico totalmente sintético veio mais tarde. Em 1907, Leo Baekeland, um comerciante e químico belga, patenteou o baquelite. Esse material, que combinava formaldeído e fenol (ambos produtos químicos) sob calor e pressão, tinha uma aparência marrom-escura, podia ser produzido em massa e desencadeou um “boom” de consumo de produtos antes reservados a poucas pessoas e que podiam ser popularizados por essa nova forma de produção, observa o Science Museum de Londres.
Quando o polietileno foi descoberto e qual foi seu primeiro uso?
Nas primeiras décadas do século 20, vários setores químicos e de petróleo começaram a investigar como utilizar os produtos residuais do processamento de petróleo bruto e gás natural. Entre eles, estava o gás etileno, um subproduto do qual uma conhecida empresa britânica conseguiu fabricar um plástico na década de 1930.
A descoberta ocorreu em 1933, quando uma equipe dessa empresa tentou combinar etileno e benzaldeído sob alta pressão e calor e, após um vazamento de oxigênio no recipiente, encontrou uma substância cerosa branca em um tubo de reação: o polietileno, que se tornou o tipo de plástico mais abundante no mundo atualmente. Eles descobriram que se tratava de um material forte, flexível e resistente ao calor e rapidamente o colocaram em uso.
A primeira aplicação do polietileno ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial na forma de isolante para cabos de radar, explica a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido). Mas rapidamente o plástico passou a ser usado em produtos de consumo rotineiro, como sacolas de compras, por exemplo.
Enquanto isso, uma empresa norte-americana teve uma série de sucessos no setor de plásticos na década de 1930, especialmente com a criação do naylon e do teflon (presente em muitos utensílios de cozinha), acrescenta a enciclopédia.
O desenvolvimento de outros tipos de plástico
Outros tipos de plástico foram desenvolvidos na época. Como o PVC (cloreto de polivinila), por exemplo, que perdeu apenas para o polietileno em produção e consumo no mundo atualmente, de acordo com a Britannica, que agora é usado em produtos domésticos e industriais (de cortinas de chuveiro a encanamentos internos).
“O PVC foi desenvolvido pelo químico francês Henri Victor Regnault em 1835 e depois pelo químico alemão Eugen Baumann em 1872, mas não foi patenteado até 1912, quando outro químico alemão, Friedrich Heinrich August Klatte, usou a luz solar para iniciar a polimerização do cloreto de vinila”, explica a enciclopédia inglesa.
Devido à sua extrema rigidez, sua aplicação comercial era inicialmente limitada, mas em 1926, Waldo Lounsbury Semon, um inventor norte-americano que trabalhava para uma grande empresa nos Estados Unidos, produziu o que hoje é chamado de PVC plastificado. “A descoberta desse produto flexível e inerte foi responsável pelo sucesso comercial do polímero”.
Outros plásticos sintéticos desenvolvidos no século 20 incluem o poliestireno, que é comumente usado em bandejas de alimentos; o polipropileno, que é usado em máscaras faciais descartáveis e tampas de garrafas; e o tereftalato de polietileno (PET), usado em garrafas de bebidas desde a década de 1970.
O crescimento do plástico no mundo
Depois disso, o uso do plástico se expandiu consideravelmente. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) observa que, durante as duas décadas entre 1950 e 1970, uma pequena quantidade foi produzida. No entanto, a partir de 1970, a geração de resíduos plásticos continuou a crescer.
De acordo com as estimativas da agência ambiental da ONU, “se as tendências históricas de crescimento continuarem, a produção global de plástico primário atingirá 1,1 bilhão de toneladas até 2050.
Fonte: National Geographic.
Foto: Ahmed Nayim Yussuf Unep (Cc By-Nc-Sa 2.0).