Quase metade dos brasileiros acha que vão ser obrigados a deixar suas casas

Para deixarmos o endereço que moramos, geralmente temos um grande motivo – seja ele bom ou ruim. Às vezes, o risco bate à porta e somos obrigados a sair de casa, por causa das consequências devastadoras de um clima extremo – como no caso de eventos climáticos recentes no Brasil, a exemplo das chuvas intensas na cidade serrana de Petrópolis (RJ) e no nordeste.

Considerando um cenário em que cada vez mais somos impactados pelos efeitos negativos da crise do clima, a pesquisa “Climate Change: Severity of Effects and Expectations of Displacement’” feita pela Ipsos e divulgada em primeira mão pelo Um Só Planeta revelou que 49% dos brasileiros acreditam que vão precisar mudar de endereço nos próximos 25 anos devido às mudanças climáticas.

Realizada em 34 países, o índice brasileiro ficou acima da média global, que é 35%. O primeiro colocado do ranking é a Índia, onde 65% das pessoas acham que vão ser obrigadas a deixar suas casas. Participaram do estudo: África do Sul, Alemanha, Austrália, Argentina, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Portugal, Romênia, Suécia, Suíça, Tailândia e Turquia.

Além disso, 71% dos brasileiros disseram acreditar que as mudanças do clima terão um efeito severo nos locais onde moram já nos próximos 10 anos. Já a média global neste cenário é a mesma. O maior percentual entre os países foi em Portugal: por lá, 88% concordam com a projeção negativa.

Também ficou evidente que o problema não é só uma questão futura, mas sim é sentida na pele no presente: 63% da população brasileira disse que o problema já gerou um efeito grave onde vivem, enquanto a média global é de 56%. O primeiro colocado da lista é o México, que registrou um índice de 75%.

No caso do Brasil, os efeitos de um clima extremo são agravados por falhas de gestão, políticas de infraestrutura e falta prevenção contra desastres. Quando pensamos na justiça climática, vemos que quem mais sofre são os que menos contribuíram com essa crise: os grupos mais vulneráveis e que na maioria das vezes, vivem em áreas de risco e entram para as estatísticas trágicas. Não à toa, em uma última pesquisa sobre a percepção da população sobre às mudanças climáticas realizada pelo ITS Rio, seis em cada dez brasileiros se dizem “muito preocupados” com o futuro do meio ambiente.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Imagens.