Queima de combustíveis fósseis representa 87% das emissões globais de CO2

Apesar do forte crescimento da adoção de energias renováveis, as emissões de dióxido de carbono (CO2) relacionadas ao uso de energia atingiram um recorde de 39,3 bilhões de toneladas de carbono equivalente em 2022 – um aumento de 0,8% com relação a 2021. A conclusão é da 72ª edição do relatório publicado pela Agência Internacional de Energia (IEA) realizado pelas consultorias KPMG e Kearney, e a universidade Heriot-Watt, com patrocínio da BP, uma das maiores petroleiras do mundo.

No Brasil, enquanto o consumo total de energia cresceu 4,3%, o país conseguiu reduzir 4% das emissões de CO2 relacionadas ao consumo de energia. O consumo de energia hidrelétrica cresceu 17,3%. A capacidade instalada de turbinas de energia eólica foi ampliada em 14,2%.

A energia fotovoltaica gerada por painéis solares vem crescendo vertiginosamente ano a ano, e em 2022 o aumento foi de 69,6%.

Entre as energias renováveis houve queda somente no consumo de biocombustíveis – 0,6%, mas o país continua sendo um dos maiores consumidores de biogás do mundo, com 20% de participação no consumo e 21% de participação na produção – que cresceu 4,6% em 2022. O relatório ainda não menciona a produção e o consumo de hidrogênio verde – ainda em fase de testes.

Globalmente, o consumo de combustíveis fósseis continua representando 82% das fontes de energia utilizadas. Fontes renováveis, como solar, eólica, biomassa, biogás e hidrogênio verde (sem contar as hidrelétricas) alcançaram 7,5% de participação de mercado – o que representou 1% de crescimento em 2022.

No Brasil, mesmo com uma matriz elétrica majoritariamente limpa, com 83% de uso de fontes renováveis para produção de eletricidade, cerca de metade da matriz energética que move motores, turbinas e esquenta fornos e caldeiras continua dependendo de carvão, petróleo e gás natural, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética.

O relatório Statistical Review of World Energy (algo como Análise Estatística da Global) compila e analisa dados sobre produção, consumo e emissões mundiais de energia desde 1952, e destaca os temas que estão desafiando o setor.

Entre os desafios estão as mudanças sem precedentes nos fluxos comerciais mundiais de petróleo e gás, por causa da invasão da Rússia na Ucrânia e sanções aplicadas. A redução de fornecimento do gás russo fez triplicar os preços de gás na Europa, atingindo recorde, e duplicar os preços na Ásia.

“Os dados evidenciam que três crises interconectadas – fornecimento, preço e clima – precisam ser superadas com a redução do consumo de energia e o aumento em escala de recursos para a economia de baixo carbono”, diz Anderson Dutra, sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Xuanyu Han/GettyImages.