Seminário Nacional da Mata Atlântica discute enfrentamento da perda da biodiversidade

O Conselho Nacional da Biosfera da Mata Atlântica, em parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte realiza nesta quinta (23) e sexta-feira (24), o Seminário Nacional e o Simpósio do Parque das Dunas, cujo tema deste ano discute o “Marco Global da Biodiversidade de Kunming – Montreal”.

A solenidade de abertura ocorreu na manhã de hoje, no auditório Geólogo José Gilson Vilaça, sede do Idema, com a participação de representantes da Unesco, Ministério do Meio Ambiente, Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente – ANAMMA, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, entre outros.

A programação iniciou com uma apresentação musical do Coral Trá Lá Lá, da Escola Municipal Professor Ascendino de Almeida, localizada no bairro de Pitimbú. Sob a regência do maestro Fábio Cruz, as crianças encantaram a plateia no primeiro dia do Seminário.

O público foi constituído pelos conselheiros da RBMA, gestores estaduais da área ambiental, estudantes e pesquisadores. Entre as autoridades presentes estiveram o vereador e coordenador do Projeto Arboriza Natal, Robério Paulino; a chefe da Reserva Biológica Atol das Rocas, Maurizélia de Brito e a procuradora do Estado, Marjorie Madruga, e o Fundador e diretor de Relações Institucionais da Associação Nacional Municípios e Meio Ambiente (ANAMMA), Mário Mantovani.

O Marco Global para a Biodiversidade, aprovado em dezembro de 2022, em Montreal/Canadá, na COP15 da CDB, é um instrumento em negociação na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e define metas para enfrentar os desafios relacionados à perda da biodiversidade. Ele estabeleceu objetivos sobre a conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas até 2030.

Nosso objetivo é discutir ações efetivas voltadas para a recuperação, adaptação e manejo. É importante que espaços como esses estejam cada vez mais democratizados. Falamos de um dos biomas mais biodiversos do mundo, e ao mesmo tempo o mais ameaçado. A floresta está em festa hoje, e ela espera ações urgentes de nossa parte. O Bioma agoniza e nós precisamos, diante de tanta destruição, de ter muita vontade em fazer a diferença”, disse a presidente da RBMA, Mary Sorage.

O representante do Quilombo do Mandira (SP), Chico Mandira, falou sobre a importância das comunidades quilombolas na preservação do Bioma, e comentou sobre o trabalho de cultivo sustentável de ostra, na região, que tem salvado um remanescente da Mata Atlântica.

“Quilombos têm uma importância histórica significativa no Brasil, desempenhando um papel vital na preservação do patrimônio natural, cultural e na promoção da justiça social”, disse. O Quilombo de Mandira é uma comunidade rural cercada pela Mata Atlântica, situada na parte continental do município de Cananéia, no estado de São Paulo. Lá vivem 24 famílias e mais de 80 pessoas distribuídas em três vilas.

A presidente da Reserva e gestora do Parque das Dunas, Mary Sorage, comentou que é fundamental nos prepararmos para avançar, ainda mais, na prática da gestão da Mata Atlântica e seus ecossistemas associados; em como efetivamente devem ser manejados e conservados, destacando áreas prioritárias para biodiversidade e serviços ecossistêmicos. “Priorizando territórios indígenas e tradicionais, representação ecológica, conectividade e equidade”, frisou.

A mesa solene foi composta pela presidente da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira e gestora do Parque das Dunas, Mary Sorage; pelo diretor administrativo do Idema, Marcílio Lucena; pelo diretor de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Bráulio Dias; pelo coordenador geral do SNUC e diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Bernardo Issa; pela secretária da ABEMA e secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba, Rafaela Camaraense; pelo diretor da ANAMMA, Mário Mantovani (virtual); pelo presidente da Rede de ONG’s da Mata Atlântica, Francisco Iglesias; pelo diretor Executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Ricardo Mastroti e pelo chefe do Quilombo do Mandira (Cananéia/SP), Chico Mandira.

Nesta quinta-feira (23) foram apresentados dois painéis. O primeiro tratou do “Estado da Arte no Bioma – A Mata Atlântica e a CDB”. O segundo foi sobre “Políticas Públicas e os Objetivos da CDB: Conservando a Mata Atlântica com foco na Conservação da Biodiversidade”.

Entre alguns palestrantes do dia estiveram a professora Eliza Freire, pesquisadora atuante no Departamento de Zoologia da Universidade Federal do RN (UFRN) que realizou uma apresentação sobre novas descobertas de espécies na Mata Atlântica, explicando o caso do Lagarto-de-Folhiço (Coleodactylus natalensis), ressaltando o panorama do cenário da Conservação das espécies, pesquisas desenvolvidas, atualização, entre outros.

O professor Flávio Lima também foi um dos palestrantes e falou sobre litoralização, uso do oceano e conservação da biodiversidade marinha. Flávio é coordenador do Protejo Cetáceos da Costa Branca (PCCB-UERN), que atua principalmente no monitoramento de praias, resgate, reabilitação e soltura de animais marinhos. As pesquisas são voltadas à conservação da biodiversidade marinha e avaliação de impactos de atividades humanas sobre a fauna.

Outra palestra foi de Clayton Lino, coordenador de Cooperação Internacional do CN-RBMA, que levantou a temática da Reserva e a agenda global de sustentabilidade.

O Atol das Rocas também teve espaço na programação de hoje e Maurizélia Brito, que atua na gestão do local há 33 anos, realizou uma explanação sobre a importância da Conservação da área, que foi a primeira UC Marinha criada no Brasil. O Atol está sob a responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e sua área abrange duas Ilhas – a do Farol e a do Cemitério – e tem área interna de 5 quilômetros.

Logo após, o líder indígena Luiz Catu destacou a responsabilidade social que cada cidadão tem com o meio ambiente. Com uma palestra sobre “RN: Resistência e Ancestralidade dos Guardiões da Mata Atlântica – Povo Potiguar Katu”, o cacique falou sobre a realidade da comunidade Catu, da etnia Potiguara, situada em dois municípios, Canguaretama e Goianinha, e, também, do projeto para salvar as mangabeiras da Área de Proteção Ambiental Piquiri-Una.

O terceiro e último painel acontecerá na manhã desta sexta-feira (24), abordando “Políticas Públicas e os Objetivos da CDB: Conservando a Mata Atlântica com foco no Uso Sustentável da Biodiversidade”. Ao final do evento, será produzida coletivamente a Carta de Natal, buscando traçar os primeiros passos da jornada da RBMA. Também na sexta-feira, os membros do Conselho farão uma visita técnica ao Cajueiro de Pirangi.

Fonte: Ascom/Idema.

Foto: Celly Maia.