Setor naval firma acordo para buscar emissões líquidas zero “por volta de 2050”

De forma unânime, 175 países da Organização Marítima Internacional (OMI) adotaram uma estratégia revisada de redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa (GEE) para o setor de transporte marítimo. O mecanismo estabelece uma meta de emissões líquidas zero “por volta da metade do século”, e grupos ambientalistas já criticam o que consideram uma falta de ambição do acordo, segundo a Reuters.

Após dias de discussões em Londres na sede da organização, os países membros concordaram em atingir o “net zero” “por volta de 2050, levando em consideração as diferentes circunstâncias nacionais”.

Apesar de várias propostas para um imposto sobre as emissões, o texto da estratégia apenas aponta para medidas que possam no futuro, incluir “um elemento econômico, com base em um mecanismo marítimo de precificação das emissões de GEE”, cujos detalhes seriam definidos durante o próximo ano.

Os países também concordaram em estabelecer metas graduais para reduzir as emissões anuais de GEE ao final de cada década. O compromisso é reduzir em pelo menos 20%, buscando chegar a 30%, até 2030, em comparação com 2008; e reduzir em pelo menos 70%, esforçando-se para chegar a 80%, até 2040, também em comparação com 2008.

O secretário-geral da IMO, Kitack Lim, disse que o apoio unânime de todos os 175 estados membros ao acordo foi “particularmente significativo”, e que ele abriu “um novo capítulo para a descarbonização marítima”

A navegação, que transporta cerca de 90% do comércio mundial e é responsável por quase 3% das emissões mundiais de dióxido de carbono, tem recebido apelos de ambientalistas e investidores para adotar ações mais concretas pela descarbonização. Incluindo o pagamento de uma “taxa de carbono” – o que não foi adotado agora.

Harjeet Singh, da Green Climate Action Network International, lamentou que tal medida tenha sido colocada em segundo plano e jogada para o futuro. “Infelizmente, a decisão [sobre a taxa] foi adiada, empurrando para o futuro este mecanismo financeiro crucial”, disse ele.

John Maggs, da Clean Shipping Coalition, também criticou o resultado. “O nível de ambição acordado está muito aquém do necessário para garantir a manutenção do aquecimento global abaixo de 1,5°C”, disse ele.

Já Ralph Regenvanu, ministro do clima de Vanuatu, nação do Pacífico Sul bastante afetada pela elevação do nível dos mares, disse que o resultado estava “longe de ser perfeito”, mas deu ao mundo “uma chance de [chegar à meta de] 1,5°C”.

Eles se referem à meta estabelecida pelo Acordo de Paris de 2015, que buscou fortalecer a resposta global às mudanças climáticas, limitando o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius em comparação com os níveis pré-industriais.

China defende acordo

A China, disse que a adoção da estratégia para o setor naval foi um marco. O país já havia criticado a demanda por metas “irrealistas” de descarbonização.

Representantes da indústria naval também elogiaram o acordo, dizendo que ele “lhes deu metas concretas para trabalhar”, mas também houve críticas sobre a não adoção de uma taxa sobre embarques.

A indústria “fará todo o possível para atingir essas metas”, incluindo a redução absoluta de 70 a 80% das emissões de GEE até 2040, disse Simon Bennett, vice-secretário geral da associação International Chamber of Shipping. “Mas isso só pode ser alcançado se OMI concordar rapidamente com uma taxa global sobre as emissões de GEE dos navios”, completou.

Fonte: Um Só Planeta.

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