Terra ultrapassa quase 7 de 9 limites planetários e corre risco de catástrofes irreversíveis

Um novo estudo liderado por cientistas do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) revela que a Terra pode ter ultrapassado sete dos nove limites planetários que garantem a estabilidade do meio ambiente.

Segundo os pesquisadores, exceder esses limites pode desencadear catástrofes ambientais de proporções globais, como a extinção de espécies, derretimento de geleiras, desertificação de grandes áreas e perdas de ecossistemas.

Neste cenário, o aquecimento global contribui fortemente para acelerar essas transformações negativas, potencializando impactos adversos em escala global. As áreas mais preocupantes incluem mudanças no uso da terra, perda de biodiversidade e alterações climáticas.

Entenda os limites planetários ultrapassados

Desmatamento e urbanização: a transformação de ecossistemas naturais em áreas agrícolas e urbanas ameaça a biodiversidade e a regulação climática.

Aquecimento global: a elevação nas emissões de gases de efeito estufa acelera as mudanças climáticas, elevando riscos como secas e inundações.

Perda de biodiversidade: a extinção acelerada de espécies devido à degradação dos habitats coloca em risco a integridade dos ecossistemas globais.

Ciclo do nitrogênio e fósforo: uso excessivo de fertilizantes amplia fluxos de nitrogênio e fósforo, excedendo limites seguros e causando eutrofização e zonas mortas aquáticas.

Uso de água doce: crescente demanda por água está atingindo níveis críticos, com 18% da superfície terrestre tendo experimentado mudanças significativas no ciclo da água.

Poluição química por microplásticos: aumento na circulação de substâncias químicas sintéticas, como microplásticos, excede limites seguros, afetando a saúde humana e a biodiversidade.

Embora seis limites já tenham sido ultrapassados, a acidificação dos oceanos, que está próxima de ocorrer, ainda se encontra dentro dos limites seguros. A absorção de CO2 pelos oceanos aumenta sua acidez, afetando organismos marinhos que formam estruturas calcárias, como corais e moluscos.

Enquanto isso, os aerossóis na atmosfera, apesar de alterarem os padrões climáticos regionais e afetarem a saúde humana, ainda estão sendo controlados dentro de níveis seguros graças às tecnologias de controle de poluição e regulamentações mais estritas.

Além disso, a camada de ozônio, que já foi gravemente degradada, agora mostra sinais de recuperação devido a esforços internacionais significativos para reduzir substâncias nocivas, demonstrando que ainda não ultrapassou um ponto crítico de dano irreversível.

Impactos e soluções para a crise climática

O estudo identifica várias causas diretas para a ultrapassagem dos limites, incluindo a agricultura intensiva, a poluição por nitrogênio e fósforo e a acidificação dos oceanos. Cada um desses fatores contribui para a degradação do meio ambiente de maneiras que podem ser irreversíveis se não forem controlados imediatamente.

Mudanças no uso da terra

Cerca de 90% da desflorestação entre 2000 e 2018 ocorreu devido à expansão de terras agrícolas. A cobertura florestal global é apenas 59% do que deveria ser, com a taxa ideal para florestas tropicais e boreais bem acima dos níveis atuais.

Mudanças climáticas

Os níveis de CO2 atingiram cerca de 422 ppm em 2024, excedendo o limite seguro de 350 ppm estabelecido para manter o equilíbrio climático. A paraça do aquecimento na atmosfera também ultrapassa os níveis considerados seguros, exacerbando fenômenos climáticos extremos.

Biodiversidade

A extinção de espécies continua em um ritmo alarmante, com importantes implicações para a integridade dos ecossistemas globais.

O estudo também destaca a importância de medidas urgentes para reverter essas tendências, incluindo a proteção de áreas naturais, a redução da poluição química e a gestão sustentável dos recursos hídricos. Essas ações não apenas contribuem para evitar futuras catástrofes ambientais, mas também para manter a qualidade de vida na Terra para as gerações futuras.

A pesquisa conclui que é essencial que governos, empresas e sociedades civis trabalhem juntos para desenvolver e implementar políticas que possam efetivamente endereçar esses desafios globais.

Essas preocupações são corroboradas por um relatório da Comissão de Saúde Planetária publicado pela revista britânica Lancet mostrou que sete dos oito limites seguros para a vida sustentável da Terra e de seus habitantes foram dramaticamente ultrapassados. Sessenta pesquisadores que assinam o relatório delimitam que as fronteiras razoáveis para a vida no planeta foram rompidas. A destruição da natureza coloca em risco iminente a segurança energética, alimentar e hídrica, o que acaba por ampliar as chances de conflitos, deslocamentos em massa e, numa conclusão que pode ser óbvia, a chegada de um caos generalizado.

Não por acaso, a revista Nature, também britânica, havia chegado a mesma conclusão de que sete das oito fronteiras já foram ultrapassadas pela ação predatória dos humanos.

Uma equipe de cientistas criou pela primeira vez a ideia de “fronteiras planetárias” há quase 15 anos para identificar as principais ameaças enfrentadas pela Terra. Eles analisaram condições climáticas, biodiversidade e a situação da água doce.

Fontes: Olhar Digital, R7

Imagem: Reprodução.