Segundo a empresa, a negação das mudanças climáticas não deve ser monetizada e publicidade desonesta não deve prejudicar discussões sobre esse tema.
O Twitter anunciou na sexta-feira (22) o Dia da Terra, que não permitirá anúncios que neguem a realidade das mudanças climáticas.
O anúncio ocorre em um momento em que a rede social tentava se defender de uma compra indesejada pelo bilionário Elon Musk, que acredita que os usuários devem ser capazes de expressar o que querem na plataforma. Compra concretizada ontem.
“Anúncios enganosos no Twitter que contradizem o consenso científico sobre mudanças climáticas estão proibidos, em linha com nossa política sobre conteúdo impróprio”, disse Casey Junod, executivo de sustentabilidade global da empresa, por meio de seu blog oficial.
“Acreditamos que a negação das mudanças climáticas não deve ser monetizada no Twitter, e essa publicidade desonesta não deve prejudicar discussões importantes sobre a crise climática”, acrescentou.
No ano passado, o Twitter introduziu um recurso temático que ajuda os usuários a encontrar conversas sobre mudanças climáticas e implementou centros de informações “confiáveis e oficiais” em uma lista de temas importantes, incluindo a ciência por trás das mudanças climáticas.
“Reconhecemos que informações enganosas sobre o clima podem minar os esforços para proteger o planeta”, afirmou Junod. “Agora, mais do que nunca, uma ação climática significativa, por parte de todos nós, é crucial.”
Por mais tentador que seja ter acesso à fortuna de Musk, o Twitter não quer ficar sob a direção do magnata, conhecido por dizer o que pensa sem pesar muito as consequências.
A plataforma tomou medidas para evitar que Musk assuma o controle de todas as ações do Twitter, pois as preocupações com a direção que ele poderia dar à administração da empresa superam a recompensa oferecida.
Musk defende que o conteúdo não seja moderado, uma questão sensível em especial nos perfis de personalidades famosas como o ex-presidente americano Donald Trump, que foi banido da plataforma após o ataque ao Capitólio por seus apoiadores, que recusavam os resultados da eleição presidencial de 2020.
Mas a campanha de Musk também despertou preocupações entre especialistas em tecnologia e liberdade de expressão. Eles ressaltam as declarações imprevisíveis de Musk e seu histórico de críticas, que contradizem seus objetivos declarados.
Especialistas dizem que plataforma pode ter dificuldades se bilionário enfraquecer moderação de conteúdo. E acreditam que ele também vai mirar no crescimento da rede, que é menor do que rivais.
“Um dos grandes desafios (de Musk) será obter equilíbrio entre (dar) liberdade de expressão e frear discursos de ódio, a desinformação e as mentiras”, resume Danilo Rothberg, professor e pesquisador de ciências humanas na Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Para Carlos Affonso de Souza, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS), uma eventual permissão do retorno de perfis bloqueados à plataforma faria doTuitter uma “caricatura da liberdade de expressão”.
E esse movimento poderia resultar em uma grande perda de usuários, completa Raquel Recuero, pesquisadora em mídia social da Universidade Católica de Pelotas. Pessoas famosas poderiam começar a abandonar a rede social, levando junto consigo muitos de seus seguidores.
Fontes: France Press, G1.