A Ucrânia quer transformar as ruínas de Chernobyl, onde aconteceu o famoso acidente nuclear em 1986, em um parque eólico gigante. A informação foi divulgada em setembro pela empresa de energia alemã NOTUS, que está envolvida na iniciativa.
A NOTUS, junto de representantes do governo ucraniano e da operadora do sistema de transmissão Ukrenergo, assinou uma declaração conjunta de intenções para o desenvolvimento de uma “fazenda eólica” na zona de exclusão de Chernobyl.
O documento foi assinado por Oleksandr Krasnolutskyi, Primeiro Vice-Ministro de Proteção Ambiental e Recursos Naturais da Ucrânia; Andrij Tymchuk, Chefe Interino da Agência Estatal da Zona de Exclusão; Wolodymyr Kudrytskyi, um dos representantes da Ukrenergo; e membros da NOTUS.
Com a declaração, os assinantes concordaram em examinar a implementação concreta do projeto, que inclui vários aspectos: entre eles, a averiguação da infraestrutura de rede existente, a identificação de áreas potencialmente adequadas com base em uma análise de radiação e a realização de uma avaliação de impacto ambiental.
Segundo dados preliminares de viabilidade da NOTUS, a área de Chernobyl oferece potencial para mil megawatts (MW) de energia eólica — o suficiente para fornecer eletricidade de forma segura e ecológica para 800 mil residências e Kiev e região.
“Nosso projeto na Região Administrativa Especial de Chernobyl é de importância excepcional em vários aspectos”, explica o Diretor-Geral da NOTUS Energy Ukraine LLC, a empresa de desenvolvimento de projetos ucraniana do Grupo NOTUS Energy. “Um parque eólico dessa magnitude contribuiria significativamente para a expansão das energias renováveis na Ucrânia e fortaleceria a independência e a descentralização do abastecimento de energia ucraniano.”
Luz em meio à guerra
A Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, esteve na Ucrânia para uma visita em setembro. Conforme comunicado, um dos focos de sua viagem “foram as medidas que estão sendo tomadas pelos ucranianos para garantir e proteger o abastecimento da população”, sobretudo no próximo inverno, que vai de novembro a março.
Baerbock anunciou na reunião que a Alemanha e a Ucrânia pretendem trabalhar ainda mais próximas na transição para a energia renovável. Durante sua visita, ela enfatizou a importância do projeto para a “fazenda eólica” em Chernobyl.
“Nos últimos meses, a Rússia tem repetida e deliberadamente atacado a infraestrutura da Ucrânia; drones e mísseis russos, em particular, destruíram sistemas de eletricidade, aquecimento e água. No inverno passado, houve mais de 1500 ataques à infraestrutura energética do país”, contextualiza a NOTUS.
Em meio a esse cenário, além de se proteger no frio, a Ucrânia deseja ter uma economia forte. Por isso, a empresa afirma que a Alemanha está apoiando o país na cooperação, contribuindo com a “transição para energias renováveis, eliminação do carvão, estabilidade das redes elétricas e habitações energeticamente eficientes.”
A companhia de energia alemã destaca que o projeto em Chernobyl é ideal por três principais motivos: Kiev fica a cerca de 150 quilômetros de lá, o que significa que a eletricidade poderia ser entregue diretamente à região metropolitana; a construção e operação do parque eólico daria à zona de exclusão hoje não utilizada um futuro promissor; e ainda aproveitaria ao máximo a infraestrutura existente.
“No meio da guerra de agressão russa contra a Ucrânia, a área afetada pelo acidente nuclear ocorrido quase 40 anos atrás pode se tornar um símbolo de energia limpa e amiga do clima, fornecendo eletricidade verde para Kiev”, salienta a empresa energética.
Fonte: Revista Galileu.
Foto: Wikimedia Commons.