Os vikings que colonizaram a Groenlândia nos anos 980 d.C. viveram lá por quase 500 anos, até que desapareceram misteriosamente no século 15. Um novo estudo traz uma possível explicação para o ocorrido: uma impiedosa mudança climática, que gerou aumento no nível do mar.
Liderada por cientistas da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a pesquisa foi publicada no último dia 17 de abril na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
O estudo mostra que houve um aumento do nível do mar de até 3,3 metros no período em que os vikings viviam na margem verde e arável da costa da Groenlândia. A pesquisa foi presentada pela primeira vez por Marisa Julia Borreggine, doutoranda do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias de Harvard, na conferência anual American Geophysical Union, em Nova Orleans, em dezembro de 2021.
Segundo o site Live Science, Borreggine explicou que, entre os séculos 14 e 19, a Europa e a América do Norte experimentaram temperaturas significativamente mais baixas, em um período chamado de Pequena Idade do Gelo. Nessa época, o manto gelado da Groenlândia teria se tornado maior.
Conforme o gelo avançava, seu peso sobrecarregava o substrato abaixo, tornando as áreas costeiras mais propensas a inundações, segundo a pesquisadora aumento da atração gravitacional entre a camada gelada em expansão e grandes massas de água marinha congelada empurrou mais água do mar sobre a costa da Groenlândia.
Para testarem a hipótese, os cientistas modelaram o crescimento estimado do gelo no sudoeste da ilha durante o período de 400 anos de ocupação nórdica. Em seguida, adicionaram esses cálculos a modelos que mostram as águas aumentando no período e analisaram mapas de locais vikings.
Isso revelou, segundo Borreggine, que a elevação do nível do mar ao redor da Groenlândia teria inundado os assentamentos vikings afetando até cerca de 204 km² de terra costeira entre 1 mil a 1,4 mil d.C..
Mas o aumento do nível das águas provavelmente não foi a única razão pela qual os vikings deixaram a Groenlândia. Em entrevista à Harvard Magazine, a especialista afirma que esses povos “também estavam passando por muitas lutas sociais, políticas e econômicas”.
Segundo ela, os vikings bem que tentaram se adaptar. Como agricultores, eles não dependiam necessariamente dos recursos marinhos, mas há indícios de que mudaram sua dieta baseada em terra para comerem o que vinha do mar.
A saída dos vikings da Groenlândia, no entanto, foi inevitável. “Uma combinação de mudanças climáticas e ambientais, a mudança no cenário de recursos, o fluxo de oferta e demanda de produtos exclusivos para o mercado estrangeiro e as interações com os Inuítes no norte podem ter contribuído para essa emigração”, disse Marisa Julia Borreggine ao Live Science.
Fonte: Revista Galileu.
Foto: Wikimedia Commons.