O desmatamento na Amazônia entre agosto de 2024 e julho deste ano foi de 5.796 km², área equivalente a cinco vezes e meia a cidade de Belém do Pará, sede da COP30. O número, divulgado no início da tarde desta quinta-feira (30), representa uma queda de 11% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram derrubados 6.288 km² de floresta.
A taxa anual de desmatamento, fruto do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal Por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é a menor em 11 anos e a terceira menor desde 1988, quando as medições tiveram início.
Ela também representa uma queda de 50% em relação ao último ano do governo de Jair Bolsonaro, período em que os números do desmatamento na Amazônia explodiram.
Degradação cresce
Apesar dos números positivos na contenção do desmatamento, o INPE chama atenção para o aumento na degradação do bioma. Dos 5,7 mil km² perdidos no bioma em 2025, 38% (2,204 km²) foi devido à degradação.
Segundo o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, as mudanças climáticas e a alteração na dinâmica do fogo na Amazônia contribuíram para este aumento.
“Na Amazônia tivemos o quarto ano consecutivo de redução significativa. Se não fosse o caos climático tão grave, com os incêndios tão fora da série histórica como ocorreu ano passado, nós teríamos tido, provavelmente este ano, o menor índice da história”, disse ele.
Desmatamento nos estados
Entre todos os 9 estados da Amazônia, todos apresentaram queda nos números, com exceção de Mato Grosso, que registrou alta de 25%.
No ranking dos maiores desmatadores, Pará, Mato Grosso e Amazonas estão nas primeiras posições. Pará está em primeiro lugar, com 36% do total (2 mil km²); seguido por Mato Grosso, com 27% do total (1.572 km²); e Amazonas, com 17,5% do total (1 mil km²).
Juntos, eles representam 80% do total perdido na Amazônia.
Medidas de comando e controle
O governo federal elencou uma série de medidas que teriam sido responsáveis pelos números hoje apresentados. Entre eles estão 9,5 ações fiscalizatórias, 4 mil autos de infração e R$ 2,85 bilhões em multas.
Segundo os números apresentados nesta quinta-feira (30), as ações de fiscalização aumentaram 80% entre 2023 e 2025, em comparação com 2020 a 2022. As multas aplicadas aumentaram 63% e os autos de infração 81%, no mesmo período.
“Uma das coisas que nós tínhamos muita preocupação quando assumimos o governo era como recompor as políticas ambientais, de sorte que elas trouxessem os necessários resultados. Alguns jornalistas diziam ‘qual a expectativa, vai cair quanto?’. Eu nunca fui de colocar nenhum número, mas, por todo sucateamento das políticas públicas, diminuição de orçamento, intimidação de equipes [durante governo Bolsonaro], nem nos meus melhores planos eu imaginaria que chegaríamos nesse momento com uma redução de 50% no caso da Amazônia, em comparação com 2022”, disse Marina Silva.
Resultados podem melhorar
Os números sobre a tendência de queda no desmatamento na Amazônia foram comemorados por organizações da sociedade civil, mas ainda há espaço para melhorar o quadro, alegam.
“O resultado é positivo, mas ainda há espaço para avanços. É fundamental estabelecer salvaguardas permanentes e institucionalizadas, que não dependam de ciclos ou disposição governamental, além de assegurar a implementação de planos de ação robustos para períodos de maior vulnerabilidade climática.”, afirma a porta-voz da frente de Desmatamento Zero do Greenpeace Brasil, Ana Clis Ferreira.
Fonte: ((O))eco, WWF, Exame.
Foto: Arquivo/Secom.

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