Um dos temas centrais da COP30 na sexta-feira, 7, em Belém foi a avaliação dos dez anos do Acordo de Paris, marco global do enfrentamento à crise climática. O novo relatório do Instituto Climate Analytics, com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), faz um balanço dos resultados do tratado e lista 22 pontos considerados os mais importantes para compreender seu impacto em governos, economias e instituições.
O estudo aponta que o Acordo de Paris desencadeou uma mudança estrutural na forma como o mundo se organiza para limitar o aquecimento global a 1,5°C e atingir emissões líquidas zero por volta de 2050. Segundo os autores, as metas nacionais revisadas e os mecanismos de transparência ajudaram a cortar em cerca de 1°C a temperatura projetada para o final do século — um avanço que reduziu riscos para pessoas e ecossistemas e ampliou o espaço para adaptação.
Além de impulsionar políticas climáticas, o acordo também transformou o sistema internacional. Organismos globais começaram a incorporar a meta de 1,5°C em regras setoriais, como as do transporte marítimo e aéreo, enquanto cortes e tribunais vêm exigindo maior responsabilidade dos Estados. Clubes políticos como G7 e G20 passaram a institucionalizar objetivos alinhados a Paris, criando ciclos de reforço entre normas, capital e tecnologia.
O relatório destaca ainda o papel crescente de governos locais, empresas e instituições financeiras na transição climática. Desde 2017, as metas nacionais e políticas adotadas reduziram pela metade as emissões projetadas até 2050, e em 2023, os investimentos em energia limpa superaram, pela primeira vez, os fósseis. No entanto, o documento alerta que os avanços permanecem desiguais e insuficientes, e que o mundo ainda deve ultrapassar temporariamente o limite de 1,5°C antes de estabilizar as emissões.
A principal mensagem é clara: é preciso acelerar. “A ciência embutida no Acordo de Paris aponta para um imperativo — mover-se mais rápido, porque os danos se agravam a cada incremento de aquecimento”, resume o texto. A próxima década, defendem os autores, deve ser marcada pela execução disciplinada das metas, com foco em reduzir as lacunas entre compromissos e políticas efetivas, ampliar o financiamento para transições justas e preservar o acordo como pilar de uma resposta global segura e duradoura às mudanças climáticas.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Sergio Moraes/COP30.

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