O Brasil instalou no ano passado o recorde de 18,9 gigawatts de potência pico da fonte solar fotovoltaica, 21% a mais do que em 2023, garantindo assim a quarta posição no ranking “Global Market Outlook For Solar Power 2025 – 2029”, elaborado pela SolarPower Europe, informou a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) nesta quarta-feira, 7.
O País ficou atrás de países como China, Estados Unidos e Índia, este último elevado à terceira posição, antes ocupada pelo Brasil, após fortes investimentos no setor no ano passado, informou a entidade. O total adicionado pelo Brasil representa 3% de todo o mercado mundial no período.
“O crescimento acelerado da energia solar é tendência mundial e o avanço brasileiro nesta área é destaque internacional. O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta e assume cada vez mais protagonismo neste processo de transição energética e combate ao aquecimento global”, disse em nota o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
A entidade destaca que o crescimento da fonte solar no Brasil aconteceu em meio a um ano de grandes desafios enfrentados pelo setor, como os cortes de geração renovável (curtailments) sem o devido ressarcimento aos empreendedores, e os obstáculos de conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, entre outros.
Em 2024, os investimentos na tecnologia solar totalizaram R$ 53,7 bilhões no Brasil, com a geração de mais de 457,7 mil empregos. Atualmente, a fonte solar é a segunda maior na matriz elétrica nacional, com 56 GW em operação no Brasil, que representam 22,5% de toda a capacidade instalada.
O setor fotovoltaico brasileiro é responsável por mais de R$ 254 bilhões em investimentos acumulados, que geraram cerca de 1,7 milhão de empregos verdes no País desde 2012. Se considerado todo o acumulado desde então, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking mundial de geração solar fotovoltaica.
Energia solar: RN tem 884 MW de potência instalada e 97,5 mil conexões
O Rio Grande do Norte alcançou, em abril de 2025, a marca de 884,4 megawatts (MW) de potência instalada acumulada na geração distribuída de energia solar, com 97.541 conexões operacionais em todos os 167 municípios potiguares. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), compilados pelo Observatório da Energia Solar, e refletem a expansão do setor em diferentes regiões e perfis de consumo.
A maior parte dessas conexões está no segmento residencial, que representa 84,6% das unidades consumidoras com geração própria de energia. Em segundo lugar está o segmento comercial, com 11,5% das unidades, seguido dos setores rural (3,1%), industrial (0,4%) e poder público (0,3%). Os segmentos “serviço público” e “iluminação pública” também aparecem no levantamento, mas juntos representam apenas 0,1% do total.
No relatório referente ao mês de março passado, o RN havia atingido a marca de 842 MW de potência instalada, ou seja, houve um aumento de 5% nesse quesito em um mês. Além disso, houve um crescimento de 5,9% no número de conexões entre março e abril – saltando de 92 mil para 97,5 mil no período.
Williman Oliveira, presidente da Associação Potiguar de Energias Renováveis (Aper), avalia que o crescimento do setor reflete uma mudança no perfil do consumidor, que passou a adotar o papel de prossumidor – aquele que, além de consumir, também gera a própria energia elétrica. “Vivemos momentos de energia cara e que onera muito na conta do consumidor, que hoje prefere ser um prossumidor e busca também conforto com sua geração própria”, explicou o presidente.
De acordo com o levantamento mais recente, até abril de 2025, 82.511 residências potiguares já utilizavam sistemas fotovoltaicos, responsáveis por uma potência instalada de 520 MW, o que representa 58,9% de toda a energia solar distribuída no Estado.
Williman Oliveira ressalta que o crescimento do número de prossumidores está diretamente relacionado à excelente localização geográfica do RN, o que faz com que o Estado apresente altos índices de irradiação solar ao longo do ano.
“O fator de irradiação solar aqui é excelente na ‘terra do sol’. Ainda que tenhamos períodos de chuvas, a média anual é muito positiva pela quantidade de sol em todo o ano”, comentou Oliveira.
Para o restante de 2025, as perspectivas permanecem otimistas quanto à expansão da energia solar residencial nos municípios potiguares. Segundo avaliação do presidente da Aper, trata-se de uma tendência irreversível, impulsionada pelo crescente interesse da população em gerar a própria energia.
“Nós temos no RN somente 2,9% de geração distribuída instalada nos telhados dos consumidores de energia em relação ao País; é muito pouco para o que temos de capacidade de instalação. No Brasil, é só 7% e isso não pode parar. Gerar sua própria energia é um caminho sem volta para o desenvolvimento sustentável do nosso Estado”, sublinhou.
Também para 2025, uma das principais demandas do setor é a aprovação do Projeto de Lei 624/2023, que visa substituir gradativamente a atual Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) pelo programa Renda Básica Energética (Rebe), cujo intuito é construir pequenas usinas solares para abastecer as casas das famílias mais pobres. A ideia central do projeto é aliviar a conta dos consumidores de energia e estimular a produção de energia limpa para cerca de 17 milhões de famílias de baixa renda no País.
Expansão no RN
A capital Natal lidera o ranking entre os municípios com maior quantidade de conexões (18.306) e potência instalada (161,5 MW). Em seguida, vêm Mossoró (16.744 conexões), Parnamirim (10.721), Caicó (3.449) e São Gonçalo do Amarante (2.511). Juntos, os 10 municípios com maior participação respondem por mais de 63% das conexões e 58% da potência solar instalada no RN.
Somente em abril passado, 2.520 instalações foram conectadas à rede no RN. Entre maio de 2023 e abril de 2025 (período de 24 meses), o mês em que foram conectados mais sistemas à rede foi fevereiro de 2025, quando 3.614 instalações foram integradas.
No comparativo regional e nacional, o Rio Grande do Norte representa 2,9% das conexões e 2,3% da potência instalada no Brasil, e tem participação de 12,6% nas conexões e 11,2% da potência instalada no Nordeste.
Tribuna do Norte
Foto: Alex Régis