O aquecimento global não está poupando nem os gramados dos maiores estádios de futebol do mundo. Um novo estudo revelou que os danos relacionados ao clima em estádios da FIFA podem saltar de US$ 130 milhões em 2020 para impressionantes US$ 800 milhões até 2050. E isso inclui arenas que sediarão a Copa do Mundo de 2025.
A pesquisa, conduzida pela plataforma de dados climáticos Climate X, analisou 37 estádios da FIFA, entre eles 12 campos americanos que serão palco do torneio de 2025 e os 25 maiores estádios da Europa. O estudo avaliou os riscos de dez tipos de desastres climáticos, como inundações e ondas de calor extremas, comparando esses riscos com o custo de substituição das arenas e considerando a resistência estrutural e as barreiras naturais de cada estádio.
Cartão vermelho
Entre os locais mais vulneráveis estão três estádios da Flórida, incluindo o Inter&Co Stadium, Camping World Stadium e Hard Rock Stadium, que até 2050 poderão estar entre os seis mais ameaçados globalmente. Situados em áreas costeiras e de alto risco climático, esses estados podem enfrentar danos significativos por conta de tempestades, enchentes e calor intenso.
Outros estádios de alto risco incluem o Lincoln Financial Field na Pensilvânia, o TQL Stadium em Ohio, e importantes arenas europeias como o Estadio Benito Villamarín, na Espanha, e o Velodrome, na França. Para Lukky Ahmed, CEO da Climate X, o estudo é um lembrete claro dos perigos que as mudanças climáticas representam para a infraestrutura dos maiores eventos globais.
À medida que celebramos o futebol, também precisamos encarar a realidade de que alguns dos estádios mais icônicos da história do esporte estão em risco. A ação urgente é necessária para proteger esses locais e garantir a sustentabilidade dos eventos futuros — Lukky Ahmed, CEO da Climate X.
Ahmed também ressalta em nota o impacto econômico: “Os estádios de futebol não são apenas locais de esporte – são pilares econômicos e culturais para as comunidades locais. O aumento dos riscos climáticos pode resultar em custos elevados de reparos, interrupções de eventos e prêmios de seguros mais altos. Para as cidades-sede da Copa do Mundo de 2025, esses riscos podem ter consequências de longo alcance para suas economias locais.”
Com a aproximação de grandes torneios internacionais como a Copa do Mundo, a crescente ameaça climática pode afetar não só o calendário esportivo, mas também a sustentabilidade financeira de algumas das arenas mais emblemáticas do futebol mundial, alerta a pesquisa. A pesquisa utilizou a plataforma Spectra, da Climate X, para avaliar os estádios, analisando sua exposição aos riscos climáticos no cenário de altas emissões RCP 8.5 entre 2020 e 2050, no qual as emissões de gases de efeito estufa continuam a crescer sem controle significativo.
A bola na rede neste caso seria frear a alta do termômetro com redução massiva das emissões de gases de efeito estufa e da queima de combustíveis fósseis, adversários do clima, e investir em ações de adaptação e mitigação de riscos nos estádios. Ironicamente, cada vez mais as empresas de combustíveis fósseis têm utilizado os esportes para fazer “greenwashing” ou, neste caso, “sportswashing”, prática há muito empregada por petroestados — países cuja economia depende fortemente da produção e exportação de petróleo — ao associar suas marcas com eventos esportivos no intuito de melhorar reputações manchadas.
O futebol é a modalidade com mais acordos ativos com a indústria poluente, avaliados em R$ 5,4 bilhões, segundo dados de um relatório do instituto New Weather Institute (NWI). A ideia por trás desses acordos é, segundo os críticos, desviar a atenção de questões negativas da atividade de petróleo e gás, apresentando uma face mais positiva por meio do esporte.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Pixabay.
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