O custo humano do aquecimento global em 2024

A dissonância é chocante. Dentro de um estádio olímpico do Azerbaijão, um petroestado autoritário, as deliberações diplomáticas da COP29 (29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) estão sequestradas pelo dinheiro.

Do lado de fora, a queima de combustíveis fósseis provoca perdas humanas. Milhões de pessoas estão sofrendo. A natureza está perdendo.

Segue abaixo uma conta parcial das calamidades deste ano, mês a mês, e como alguns dos mais vulneráveis do planeta estão tentando lidar com isso de forma criativa.

Janeiro

O mês de janeiro mais quente jamais registrado dá os contornos do que seria o ano com os marcadores mais elevados.

Fevereiro

Uma seca perdurou por meses na África do Sul. As chuvas não chegaram em fevereiro, quando o milho, que é o grão básico, era mais necessitado. As plantações morreram. O gado morreu. Cerca de 27 milhões de pessoas, muitas já à beira da fome, não tinham comida suficiente.

A seca foi impulsionada por um fenômeno climático natural conhecido como El Niño, que chegou junto com o aumento das temperaturas.

Março

O ar e o oceano bateram recordes de calor — como já vinha acontecendo nos meses anteriores. Em março, a temperatura média global da superfície do mar atingiu uma alta mensal de 21,07ºC.

Isso desencadeou um evento de branqueamento em massa da Grande Barreira de Corais da Austrália, lar de 400 tipos de corais que alimentam milhares de espécies de peixes. Foi o quarto e maior evento de branqueamento já registrado.

Abril

O mundo viveu o abril mais quente já registrado, o 11º em uma série de meses que quebraram recordes de temperatura. Uma onda de calor espalhou-se por partes do sul e do sudeste da Ásia, com temperaturas subindo acima de 37,8ºC por dias a fio. Para milhões de crianças, estava quente demais para aprender. Escolas fecharam em Bangladesh, Índia e Filipinas.

No Estado do Rio Grande do Sul em 2024, ocorreram enchentes entre o final de abril e início de maio de 2024. Cerca de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas pelos efeitos das chuvas e houve 183 mortes, nessa que é considerada como “a maior catástrofe climática” da história do estado.

Maio

Um perigoso calor cobriu partes da Índia e tornou-se uma das maiores ameaças aos trabalhadores ao ar livre. Um novo programa de seguro, criado por um sindicato que representa trabalhadores informais, como vendedores de frutas e catadores de lixo, pagou pequenas quantias de dinheiro para mulheres que perderam dias de trabalho por causa do calor extremo.

Junho

Os piores incêndios florestais em duas décadas no Pantanal, Brasil, incineraram mais de 10 mil quilômetros quadrados. Os culpados: desmatamento e seca, ambos exacerbados pelas mudanças climáticas. Entre as vítimas: espécies raras de onças e papagaios que vivem no maior pantanal tropical do mundo.

Julho

O furacão Beryl atingiu países caribenhos, incluindo Granada, Jamaica e São Vicente e Granadinas. Também tornou o primeiro evento climático a desencadear uma solução financeira inovadora para Granada, com alívio potencial a outros países vítimas de tempestades: uma pausa nos pagamentos da dívida pública.

Agosto

A Europa teve seu agosto mais quente já registrado, coroando o verão com temperaturas mais altas. A situação agravou a seca e o risco de queimadas. Um incêndio florestal correu ladeira abaixo em direção a Atenas, na Grécia. Uma reserva natural no norte de Roma, na Itália, pegou fogo. Azeitonas murcharam em seus galhos no sul italiano.

A Europa está esquentando mais rápido do que qualquer outro continente.

Setembro

Os mundos rico e pobre foram inundados. No Chade e na Nigéria, uma região onde os conflitos têm insistentemente tirado os habitantes de suas casas, as enchentes deslocaram centenas de milhares de pessoas e levaram embora as plantações.

Do outro lado do mundo, o furacão Helene balançou como uma bola de demolição por grande parte do sul dos Estados Unidos. Quase 230 pessoas morreram, tornando-o o furacão mais mortal a atingir o país desde o Katrina, em 2005.

Outubro

Em Valência, na Espanha, houve um dilúvio extraordinário. Em apenas uma cidade da região, a chuva de um ano caiu no intervalo de oito horas. Valência registrou 202 mortes. A raiva transbordou contra as autoridades do governo provincial por não ter emitido alertas de retirada das pessoas em tempo hábil.

Novembro

A cidade de Nova York emitiu um raro alerta de seca enquanto o nordeste dos EUA recuperava-se de uma temporada de outono excepcionalmente seca. Incêndios florestais irromperam por toda a região, enquanto as folhas de outono se transformavam em gr

Fontes: Folha SP, The New York Times.

Foto: Lalo de Almeida/Folhapress.

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