Foi aprovado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) o primeiro plano de visitação em Terra Indígena no estado do Mato Grosso. O projeto turístico-cultural foi desenvolvido pela comunidade da aldeia Wazare, da etnia Haliti Paresi, liderada pelo cacique Rony Paresi.
A elaboração do plano contou com o apoio da The Nature Conservancy (TNC), da Operação Amazônia Nativa (OPAN) e a consultoria da Garupa, organização especializada em turismo sustentável de base comunitária, dentre outros parceiros.
Desde 2011, indígenas do povo Paresi promovem o turismo como atividade de geração de renda. Mas, agora, com a regulamentação da atividade, será mais fácil articular parcerias com agências e operadores de turismo para expandir seus negócios, além de garantir que a atividade seja sustentável e atenda a aspectos econômicos, sem abrir mão do desenvolvimento social e conservação ambiental.
Os principais atrativos naturais nessas áreas, situadas na Bacia do Juruena, são cachoeiras e os vários rios que cortam os territórios, o que atrai visitantes de municípios próximos e de outros estados, mas também existe o trabalho de apresentação da cultura tradicional do povo indígena. “Cada vez mais a comunidade está percebendo a viabilidade de difundir e apresentar os nossos costumes, tendo a oportunidade de gerar uma renda com sua própria cultura”, afirma o cacique Rony Paresi.
Os Planos de Gestão são o fruto de um diálogo entre as várias comunidades e aldeias com a intenção de olhar para a organização da sua população e visualizar como pode ser uma agenda para o futuro da gestão dos seus territórios.
O fortalecimento do turismo foi levantado como uma das oportunidades de geração de renda para as comunidades e de uso sustentável do território no Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) do Povo Paresi.
“Os Planos de Gestão são o fruto de um diálogo entre as várias comunidades e aldeias com a intenção de olhar para o seu território, para organização da sua população e visualizar como pode ser uma agenda para o futuro da gestão dos seus territórios”, afirma Eduardo Barnes, Coordenador do Eixo Gestão Territorial da Inciativa Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da TNC Brasil.
Os PGTAs são instrumentos importantes para a conservação e a consolidação dos desejos dos povos indígenas e a definição de atividades prioritárias para geração de renda das comunidades, além de ser um documento que facilita a comunicação dos indígenas em negociações para a gestão dos territórios.
A TNC tem trabalhado há mais de 20 anos para apoiar os povos indígenas na gestão de seus territórios, colaborando para a construção da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas (PNGATI) e no apoio a elaboração e implementação de PGTAs de povos indígenas da Amazônia legal.
“Com a aprovação desses planos do Turismo, as comunidades de terras indígenas começam a se preparar para exercer a atividade de turismo com segurança e, sobretudo, respeitando o direito coletivo sobre esse território”, explica Camila Barra, antropóloga da Garupa.
Para que um plano seja aprovado, é preciso que as comunidades descrevam detalhadamente as atividades de turismo realizadas, público-alvo, envolvimento da população indígena e estratégias para manutenção do bem-estar nas Terras Indígenas.
Além do turismo, os indígenas Paresi também desenvolvem outras atividades econômicas, como a agricultura tradicional e mecanizada, piscicultura e outros. Um turismo sustentável estabelecido pode ajudar a diversificar mais sua fonte de renda, fortalecer sua cultura, melhorar a qualidade de vida da comunidade e a conservação da natureza em seus territórios.
Fontes: TNC, Socioambiental, Repositório.