Uma fonte de energia incipiente é o assunto do momento entre executivos de petróleo e gás na conferência CERAWeek em Houston deste ano.
A energia geotérmica, que aproveita o calor da crosta terrestre, tem sido amplamente discutida entre os principais líderes de energia por seu potencial de fornecer enormes quantidades de energia renovável 24 horas por dia, ao contrário da energia solar e eólica.
“Se conseguirmos capturar o ‘calor sob nossos pés’, pode ser a energia limpa, confiável e escalável para todos, desde a indústria até as residências”, disse a secretária de energia dos EUA, Jennifer Granholm, aos executivos na segunda-feira (18/03).
Embora a energia geotérmica exista há mais de um século, sua contribuição para o desenvolvimento de energias renováveis tem sido mínima e limitada pela geografia.
A última novidade é em torno do que é conhecido como “energia de rochas superquentes”, uma forma de geotermia de nova geração que é obtida injetando água profundamente na crosta terrestre, deixando-a aquecer e retornando-a à superfície como vapor.
Especialistas acreditam que a energia de rochas superquentes tem o potencial de destravar milhares de terawatts de energia.
Uma nova análise da Clean Air Task Force (CATF) e da Universidade de Twente mostra onde investidores e líderes devem procurar investir em rochas superquentes.
É o primeiro estudo do tipo a analisar camadas de calor no subsolo terrestre e mostrar a profundidade que as empresas precisam perfurar para alcançar temperaturas ideais nas rochas (acima de 373,5 °C).
China, Rússia e EUA são os três países com maior potencial energético para rochas superquentes, totalizando quase 180 mil TWh de energia, de acordo com a análise.
Os EUA oferecem o maior potencial à menor distância da superfície terrestre, liderados por estados como Nevada e Califórnia. A análise concluiu que apenas 1% do potencial energético das rochas superquentes nos EUA poderia produzir mais de 4 TW de energia, equivalente a 21 bilhões de barris de petróleo.
A energia de rochas superquentes é uma oportunidade de transição atraente para empresas de petróleo e gás, que possuem a tecnologia, mão de obra e capital necessários para comercializar o setor ainda nascente.
Nos EUA, terras arrendadas para petróleo e gás também podem ser usadas para perfuração geotérmica sem a necessidade de solicitar novas licenças.
Embora existam tecnologias de perfuração para capturar a maior parte desse potencial de rochas superquentes mapeado pela CATF, poucos poços foram desenvolvidos no mundo.
Os maiores desafios enfrentados pela energia de rochas superquentes e outras abordagens geotérmicas inovadoras são a falta de investimento devido aos altos custos iniciais e os riscos comerciais associados ao investimento em uma tecnologia ainda em estágio inicial.
“Precisamos de investimento e precisamos que as pessoas entrem nesse espaço”, disse Lauren Boyd, diretora do escritório de tecnologias geotérmicas do Departamento de Energia dos EUA, a uma sala cheia de membros do setor de petróleo e gás na terça-feira (19/03).
O departamento de energia divulgou um novo relatório nesta semana que pede aos governos, geradoras de energia, investidores estratégicos e empresas de petróleo e gás que forneçam o capital inicial para os primeiros projetos de demonstração.
O departamento estima que as tecnologias geotérmicas de nova geração nos EUA precisam de US$ 20 bilhões a US$ 25 bilhões em investimento até o final da década para atingir o ponto de partida comercial e ajudar o país a atingir suas metas de carbono líquido zero.
“Quem vai liderar isso de fato? Essa é a questão”, disse Irlan Amir, diretor de geotermia na SLB New Energy. “Precisamos trabalhar juntos para mostrar que esta geotermia de próxima geração é real, tecnicamente viável e também comercialmente viável.”
Fontes: Folha SP, Financial Times.
Imagem:”geotérmica na Islândia.”