Prédio feito de madeira é exemplo de arquitetura sustentável

A era dos arranha-céus de madeira chegou. É o caso de Skelleftea, no norte da Suécia, onde uma torre de 20 andares foi inaugurada esta semana e chega a 80 metros de altura.

A pequena cidade sueca acaba de inaugurar um edifício excepcional: um novo centro cultural, encimado por um hotel, que atinge uma altura de 80 metros e tem 20 andares. Para uma torre toda em madeira, esta é a primeira vez no mundo.

O Centro Cultural Sara, de 20 andares e 75 metros de altura – com o nome de um popular autor sueco – abriu portas em setembro do ano passado.

É mais uma estrutura de madeira para adornar as ruas de Skelleftea – uma cidade que está a tentar enfrentar a crise climática com novas construções amigas do ambiente.

A escolha da madeira tem uma razão: o foco no impacto ambiental da construção e na influência do edifício para o meio ambiente e nas mudanças climáticas.

Ao contrário de outros materiais, a madeira tem a vantagem crucial de gerar emissões limitadas de gases de efeito estufa durante sua produção – é parte de um ciclo fechado em que o carbono fica retido na própria estrutura.

A construção usou basicamente madeiras laminadas e prensadas. Com tecnologia de alta precisão, estes dois tipos de material garantem uma boa vedação e eficiência energética, sem a necessidade de outros elementos para as paredes.

Por ser um material mais leve, o número de entregas e transporte de madeira na etapa de construção foi menor, gerando menos poluentes e um ambiente mais silencioso e seguro para os trabalhadores e vizinhos.

O Kajstaden precisou de três homens trabalhando por três dias para erguer cada um de seus andares.

As junções e articulações mecânicas foram feitas com parafusos, o que significa que o edifício pode ser desmontado e os materiais reciclados no futuro. No total, a emissão de gases de efeito estufa foram reduzidas em 550 toneladas de CO2, em comparação com uma construção de concreto.

“Em 2015, quando propusemos esse edifício de madeira, as pessoas pensaram que éramos loucos”, disse Oskar Norelius, um dos arquitetos. O mais difícil é mostrar que o que funciona na teoria também funciona na prática, porque nunca havia sido feito antes “.

A construção em madeira não é nada de novo em Skelleftea, que tem confiado na abundância das florestas para construir os seus edifícios desde o século XVIII.

Desde uma impressionante ponte de madeira que se estende através do rio local, até um parque de estacionamento de três andares no centro da cidade, tudo em Skelleftea parece ser feito a partir das árvores que existem nas proximidades. E, na maior parte dos casos, é mesmo.

Além da escolha da madeira para a construção, o prédio também tem outras características sustentáveis: telhados verdes, estação de carregamento para carros elétricos, estacionamento para bicicletas, incentivando o uso deste modal e uma sala refrigerada que serve de  mercearia, garantindo o acesso a mantimentos dispensando o uso de automóveis.

O sistema elétrico do prédio abastace um carregador para barcos elétricos no lago e o Kajstaden tem também uma área externa verde que se interliga com um parque vizinho.

Abaixo desta área verde não foram construídas garagens ou subsolos – o que garante espaço para raízes de grandes árvores.

E com a população da cidade a aumentar nos próximos anos – de 72 para 80 mil habitantes até 2030 – os habitantes pretendem manter esta tradição verde viva para uma nova geração.

A empresa sueca de construção Lindbacks é especializada em edifícios pré-fabricados de madeira. Está agora a trabalhar num projeto de novos apartamentos de madeira para alojar os recém-chegados da cidade.

“Algo positivo desta estrutura de madeira é que é possível mudá-la com o tempo, o que não se pode fazer com casas”, diz o diretor comercial da firma, David Sundstrom.

“A silvicultura e as casas de madeira estão aqui há mil anos, na Escandinávia. Vivemos em casas de madeira, que têm a vantagem de ser possível mudar as paredes e fazer alterações ao edifício”.

A madeira com captação de carbono representa, atualmente, mais de 20% de todos os novos edifícios de vários andares na Suécia.

Tomas Alsmarker, chefe de inovação da Swedish Wood, diz que o país tem assistido a uma enorme mudança nos materiais de construção ao longo dos últimos cinco anos.

Durante mais de um século, a Suécia proibiu casas de madeira acima de dois andares. Agora é o material de eleição no país que possui a maior percentagem de floresta na Europa.

“Para todos os edifícios até oito andares, a questão não é se é possível fazê-lo em madeira. A questão devia ser: porque não construir em madeira.”

Fonte: Ciclo Vivo, Euronews, Inbec.