Imagine tirar uma soneca enquanto afunda em um mergulho a centenas de metros de profundidade no mar. É isso o que fazem elefantes marinhos do norte, espécie mamífera semiaquática que habita o Oceano Pacífico Norte, para escapar de predadores. Seu comportamento foi captado por cientistas em um estudo recentemente publicado na revista científica Science.
Pesquisadores norte-americanos e britânicos marcaram oito animais com rastreadores e monitoraram sua atividade mental por sete meses e milhares de quilômetros de nado. A pesquisa usou um dispositivo não invasivo para obter os dados, que também incluíram indicadores como frequência cardíaca, movimento e posição corporal.
Os pesquisadores constataram que os animais dormem apenas uma média de duas horas por dia, num comportamento descrito como “mergulhos adormecidos ao estilo soneca” (“nap-like sleeping dives”, no inglês). Eles caem “como uma folha” enquanto submersos, descendo ininterruptamente por cerca de 20 minutos em “espirais do sono”, atingindo profundidades que seus predadores não conseguem alcançar (esses elefantes marinhos podem chegar a até 760 metros de profundidade no mar).
“Não é um sono leve, mas um real sono profundo que faria os humanos roncarem. De forma impressionante, o cérebro do elefante marinho o acorda de forma segura antes que ele fique sem oxigênio”, disse à BBC News a professora Terrie Williams, da Universidade da Califórnia-Santa Cruz, líder do estudo.
Os pesquisadores dizem que seu estudo permitiu desenhar “mapas do sono” para os elefantes marinhos, identificando suas áreas preferenciais para dormir. A descoberta sugere que tais áreas podem ser tão importantes para a sua sobrevivência quanto às áreas de caça.
“Isso nos mostra como é o mundo deles, e nos ajuda a entender o que eles estão fazendo e quando estão fazendo. Entendendo isso, podemos entender como não atrapalhar suas atividades” sugere a pesquisadora de Oxford Ritika Mukherji, também envolvida no estudo.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Getty Images.