A embarcação holandesa FV Margiris, a segunda maior embarcação de pesca do mundo, derramou mais de 100 mil peixes mortos no Oceano Atlântico ao largo da França, formando um tapete flutuante de carcaças.
O derrame, ocorrido no início da quinta-feira, 03/02, foi causado por uma ruptura na rede do arrastão, segundo o grupo da indústria pesqueira PFA, que representa o proprietário da embarcação.
Em um comunicado, o grupo chamou o vazamento de “ocorrência muito rara”, mas grupos ativistas ambientais contestaram, dizendo que era uma descarga ilegal de mais de 100 mil peixes indesejados. O Ministro do Mar da França descreveu o incidente como “chocante”.
O braço francês do grupo de campanha Sea Shepherd publicou, pela primeira vez, imagens do vazamento, mostrando a superfície do oceano coberta por uma densa camada de verdinho, uma subespécie de bacalhau usada para produzir em massa peixe, óleo de peixe e farinha.
A Sea Shepherd France disse que não acredita que o episódio tenha sido acidental, mas sim uma tentativa da traineira de descarregar um tipo de peixe que não queria processar, uma prática conhecida como descarga de capturas acessórias, proibida pelas regras de pesca da UE.
Annick Girardin, a Ministra Francesa das Pescas e Assuntos Marítimos, também qualificou a visão dos peixe mortos como “chocante” e pediu à autoridade nacional de vigilância da pesca que iniciasse uma investigação para “lançar luz sobre essa questão, para que possamos identificar as causas do despejo significativo de peixes.”
Em um post no Twitter, Girardin também acrescentou que “a França apoia a pesca sustentável e isso não se reflete aqui. Caso tenha ocorrido uma infração, serão aplicadas sanções contra o responsável, que será identificado”.
Virginijus Sinkevičius, Comissário da União Europeia para o Meio Ambiente, Oceanos e Pescas, também comentou o caso e o chamou de “incidente infeliz no Golfo da Biscaia”.
No Twitter, ele disse que a Comissão da União Europeia “reagiria imediatamente” e está lançando um inquérito às autoridades nacionais da área de pesca e do suposto estado de bandeira da embarcação para obter informações e evidências exaustivas sobre o caso.
Arrastões como os do Margiris usam redes de arrasto com mais de um quilômetro de comprimento e processam o peixe em fábricas a bordo, uma prática fortemente criticada por ambientalistas.
Após protestos de ativistas em 2012, o Margiris foi paraçado a deixar as águas australianas. O navio tinha uma cota para transportar 18.000 toneladas de peixe do mar, mas foi proibido pelo então Ministro do Meio Ambiente do Trabalho Tony Burke, na sequência de protestos públicos.
Fontes: Folha SP, CNN, DN, Hedatopics.