O número de delegados associados à indústria de combustíveis fósseis na COP26 supera o de qualquer outro país, enquanto vários grupos de comunidades vulneráveis, indígenas, ativistas e membros da sociedade civil criticam as restrições no acesso e na participação nas negociações, segundo um levantamento ao qual a BBC teve acesso.
ONGs internacionais como a Global Witness analisaram a lista de participantes publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) no início da cúpula do clima em Glasgow, na Escócia, e constataram que 503 pessoas ligadas aos interesses desse setor foram credenciadas para o evento.
Há relatos de que esses delegados fazem lobby para as indústrias de petróleo e gás. Ativistas defendem que sua presença deveria ser proibida.
“A indústria de combustíveis fósseis passou décadas negando e adiando uma ação real sobre a crise climática, e é por isso que este é um problema tão grande”, diz Murray Worthy, da Global Witness.
“A influência deles é uma das maiores razões pelas quais 25 anos de negociações climáticas da ONU não levaram a cortes reais nas emissões globais.”
No cômputo geral, foram identificadas 503 pessoas empregadas ou associadas a esses interesses na cúpula e são membros de delegações de 27 países, incluindo Canadá e Rússia.
Mais de 100 empresas de combustíveis fósseis estão representadas na COP, com 30 associações comerciais e organizações associadas também presentes
Um dos maiores grupos identificados foi a Associação Internacional de Comércio de Emissões (IETA, na sigla em inglês), com 103 delegados presentes, incluindo três pessoas da multinacional de petróleo e gás BP.
Segundo a Global Witness, a IETA é apoiada por muitas grandes empresas de petróleo que promovem a compensação e o comércio de carbono como uma forma de permitir que continuem a extrair petróleo e gás.
A IETA afirma que existe para encontrar meios mais eficientes para reduzir as emissões com base no mercado. Seus associados incluem empresas de combustíveis fósseis, mas também uma série de outras companhias, escritórios de advocacia, desenvolvedores de projetos, as pessoas que estão colocando tecnologia limpa no mundo.
Ativistas argumentam que a Organização Mundial da Saúde não levou a sério a proibição do tabaco até que todos os lobistas da indústria fossem banidos das reuniões da Organização Mundial da Saúde (OMS). Eles querem o mesmo tratamento para as empresas de petróleo e gás da COP.
Fontes: G1, BBC, Ambiente Brasil, RTP.