A extensa e valiosa costa brasileira, lar de grande parte da população e de importantes centros urbanos, enfrenta uma ameaça crescente e multifacetada: o mar está avançando. Este fenômeno, resultado da combinação da erosão costeira crônica com a inexorável elevação do nível do mar, ambos intensificados pelas mudanças climáticas globais, coloca em risco não apenas pequenas comunidades, mas também mais de uma metrópole brasileira.
Enquanto a vida segue em muitas dessas áreas, o mar “lentamente engole” porções do litoral, configurando um desastre que muitas vezes cresce em silêncio, mas cujas consequências já são severamente sentidas por milhares de pessoas. Acompanhe as causas por trás desta ameaça, as áreas mais vulneráveis – incluindo alguma metrópole brasileira em destaque – e os imensos desafios para proteger nossa extensa e vital zona costeira.
O mar que avança implacavelmente: as causas por trás da ameaça a cada metrópole brasileira e cidade costeira
O avanço do mar sobre as costas brasileiras é impulsionado pela erosão costeira e pela elevação do nível do mar (ENM). A erosão ocorre por um desequilíbrio no balanço de sedimentos, muitas vezes causado por intervenções humanas como a destruição de dunas, construção de espigões e barragens em rios, que reduzem o aporte de areia às praias.
A ENM, por sua vez, é uma consequência direta do aquecimento global, resultante da expansão térmica dos oceanos e do derretimento de geleiras. As mudanças climáticas também intensificam eventos extremos como tempestades e ressacas, acelerando ambos os processos e ameaçando cada metrópole brasileira litorânea.
Quais metrópoles brasileiras e regiões costeiras estão na linha de frente do avanço marinho?
A costa brasileira, com mais de 7.000 km, concentra mais de 60% da população nacional e a maioria das capitais. Oito das onze principais regiões metropolitanas estão a menos de 100 km do mar. Estudos indicam que aproximadamente 60% do litoral já sofre com erosão.
Cidades como Recife (PE) são consideradas globalmente vulneráveis à ENM. Outras áreas críticas incluem Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), o Vale do Itajaí (SC) e vastas extensões da costa amazônica. Qualquer metrópole brasileira em área costeira baixa corre risco significativo.
Os severos impactos socioeconômicos e ambientais do avanço do mar sobre as cidades
Os impactos são vastos. Ocorre o deslocamento paraçado de populações, com perda de moradias e desestruturação comunitária. A infraestrutura urbana (estradas, portos, saneamento) é danificada, e setores como turismo, pesca e agricultura costeira sofrem grandes prejuízos.
Ambientalmente, ecossistemas vitais como manguezais, restingas e praias são perdidos, diminuindo a proteção natural da costa e a biodiversidade. A intrusão salina contamina aquíferos. A saúde pública também é afetada, com aumento de doenças e impactos na saúde mental dos moradores de cada metrópole brasileira ou comunidade atingida.
Os limites da governança costeira e as oportunidades de melhoria no Brasil
O Brasil possui um arcabouço legal para o gerenciamento costeiro, como o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) e o Projeto Orla. No entanto, a implementação efetiva enfrenta desafios crônicos de coordenação, descontinuidade de políticas entre diferentes gestões e subfinanciamento.
O Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), incluindo sua estratégia para zonas costeiras, também sofre com descontinuidade. A falta de capacidade institucional em muitos municípios e a baixa participação comunitária efetiva limitam a capacidade de resposta de cada metrópole brasileira e cidade costeira.
Adaptação em foco
Enfrentar o avanço do mar exige um portfólio diversificado de estratégias. Soluções baseadas na Natureza (SbN), como a restauração de manguezais e dunas, são cruciais. A engenharia costeira, quando bem planejada, também tem seu papel, mas deve ser integrada a um planejamento territorial que restrinja a ocupação em áreas de risco e considere o “recuo planejado” onde necessário.
É fundamental fortalecer a governança costeira, investir em pesquisa, monitoramento e sistemas de alerta precoce. Acima de tudo, é preciso promover uma “cultura de adaptação”, com engajamento ativo das comunidades locais na construção de um futuro mais seguro para a costa e cada metrópole brasileira ameaçada.
Fonte: CPG – Click Petróleo e Gás.
Imagem: Representação Do Climate Central.