De acordo com um relatório divulgado em setembro de 2021 pela Global Witness, uma organização não governamental (ONG) internacional de direitos humanos e ambientais, 227 pessoas foram assassinadas em todo o mundo no último ano por defenderem os direitos humanos, ambientais e as terras onde vivem. A estatística mostra média de quatro ativistas assassinados toda semana desde a assinatura do Acordo de Paris, ocorrida em 2015. Vinte dessas mortes ocorreram no Brasil.
A América Latina foi a região mais letal do mundo para ambientalistas. Das 227 mortes, 165 foram em países latino-americanos, 72,7% do total. No Brasil, a maior parte dos crimes (75%) ocorreu na Amazônia e vitimou indígenas.
Além dos assassinatos também aumentaram as ameaças de morte, violência sexual e tentativas de criminalização, relata a Global Witness. Esses tipos de ataques, porém, são ainda mais difíceis de serem capturados no relatório, afirma a ONG, chamando a atenção para a possível subnotificação.
Com 20 assassinatos de ativistas ao longo de 2020, o Brasil ficou em 4º lugar no ranking dos países que mais matam defensores do meio ambiente e do direito à terra. Mais de 70% dos casos do país aconteceram na Amazônia e metade deles teve como alvo povos tradicionais indígenas e ribeirinhos.
No mundo, um terço dos 227 ataques foi contra indígenas, embora eles representem apenas 5% da população global. No topo do ranking divulgado pela ONG Global Witness, estão Colômbia (65 mortes), México (30 mortes) e Filipinas (29 mortes).
Desde 2012, quando a ONG começou o estudo, o Brasil vem ocupando as primeiras posições em número de mortes de ambientalistas em todo o mundo. Em 2019, o país chegou a ficar na terceira posição.
O relatório chamou atenção para a situação da floresta Amazônica como ponto de exploração e para a ameaça dos indígenas que vivem em áreas visadas por grandes empresas.
Cerca de 70% das vítimas em todo o mundo estavam trabalhando contra o desmatamento e a expansão industrial. No Brasil e no Peru, é estimado que três quartos dos assassinatos aconteceram na região da Amazônia, com ativistas que protegiam a floresta.
Há suspeitas de que quase 30% dos ataques tiveram relação à luta contra a exploração de recursos como extração de madeira, mineração e agronegócio em grande escala. Desse total, exploradores da indústria madeireira são suspeitos pelo maior número de assassinatos, respondendo por 23 casos.
Fora da Amazônia, o México se destaca com um grande aumento nas mortes relacionadas à extração de matéria-prima e desmatamento. Já os povos indígenas foram alvos em 5 de 7 ataques registrados.
No Brasil, mal começou o ano de 2021, ocorreu um triplo homicídio na região de São Félix do Xingu. O crime teria ocorrido no dia 9 de janeiro e as vítimas – uma família de ambientalistas da região – desenvolviam projetos de proteção a animais como tartarugas e jabutis.
A Global Witness responsabiliza a exploração de companhias que colocam o lucro acima das questões ambientais. O relatório cita que, nos países ricos em matéria-prima e com biodiversidade a impunidade, tende a ser pior, porque há várias corporações atuando.
O relatório também recomenda que, com a crise climática se intensificando, os governos se posicionem a favor dos direitos humanos e da vida sustentável, para proteger não só os ambientalistas, mas também a sociedade civil.
Fontes: DW, Galileu, CNN, Brasil de Fato, Agência Brasil.