Assentamento da Idade do Bronze submerso: Pavlopetri

‘O período que define a Idade do Ferro, estabelecido pelo surgimento de sociedades com conhecimento do manuseio do ferro, tem datação de 1200 anos a.C. Ou seja, no século XII a.C., nas regiões do Oriente Próximo e do Sudeste da Europa.’

Recentemente, o Mar Sem Fim comentou que avanços da tecnologia têm permitido fantásticas descobertas submarinas. Entre elas, navios romanos e bizantinos, tesouros formados por moedas de ouro. Daí, para a única caverna submersa da Idade da Pedra. Ou o Endurance, de Shackleton, recém-descoberto, a 3 km de profundidade na Antártica.

Pavlopetri, assentamento da Idade do Bronze submerso.

‘Nada desperta a imaginação dos entusiastas da história como descobertas submarinas. Elas abrangem desde cidades submersas até milhões de naufrágios até então inexplorados’.

A Atlântida descoberta?

Os restos do porto da Idade do Bronze de Pavlopetri foram descobertos tão recentemente quanto a década de 1960. Alguns argumentam que podem ter sido a base para a lendária história da Atlântida.

‘Sede de antiga civilização que supostamente existiu no oceano Atlântico, a oeste da Europa e África. Entretanto, essa ilha do continente lendário teria submergido há milhares de anos. Ao que tudo indica, em decorrência de um cataclisma geológico’.

‘A lenda aparece pela primeira vez nos diálogos do filósofo Platão. Numa viagem ao Egito, o legislador Sólon teria ouvido de sacerdotes a tradição sobre Atlântida. Seu neto, por sua vez, narrou a Sócrates’.

Contudo, hora de deixarmos a lenda de lado e seguir para…

A descoberta da cidade submersa

Na década de 1960, Nic Flemming, do Instituto de Oceanografia da Universidade de Southampton, redescobriu os restos de um assentamento que se acredita remontar a 5.000 anos.

A cidade subaquática planejada mais antiga do mundo

Localizado na região do Peloponeso, sul da Grécia, perto de pequena vila chamada Pavlopetri, o sítio fica a 4 metros debaixo d’água. Agora acredita-se ser a cidade subaquática planejada mais antiga do mundo.

O local foi originalmente identificado pelo geólogo Folkion Negris em 1904. Mas, depois que Flemming o redescobriu, o local  foi pesquisado em 1968 por equipe da Universidade de Cambridge.

Então, em 2009, sob direção de John Henderson, a Universidade de Nottingham iniciou  projeto de cinco anos com o Ephorate of Underwater Antiquities do Hellenic Ministry of Culture and Tourism e o Hellenic Center para Marine Research para estudar Pavlopetri.

Cidade subaquática pesquisada digitalmente em 3D

Graças ao projeto, torna-se a primeira cidade subaquática pesquisada digitalmente em 3D usando a tecnologia de mapeamento por sonar.

Esta fusão de tecnologia marinha de ponta, com computação gráfica da indústria cinematográfica significa gerar impressionantes imagens de reconstrução digital que revolucionaram a arqueologia subaquática.

O que encontraram em Pavlopetri?

O projeto de pesquisa, identificou milhares de artefatos que ajudam a criar uma compreensão mais profunda da vida cotidiana de cerca de 3.000 a.C. Entretanto, parece que “afundou” por volta de 1.100 a.C., provavelmente devido a terremotos comuns na região, erosão, elevação do nível do mar, ou até mesmo um tsunami.

Casas de dois andares com jardins, templos e cemitério

Como um instantâneo de 5.000 anos atrás, Pavlopetri foi incrivelmente bem projetada. Tinha estradas, casas de dois andares com jardins, templos, cemitério e um complexo sistema de gerenciamento de água. Isso inclui canais e tubulações de água. No centro, havia até mesmo uma praça. E a maioria dos prédios, até 12 cômodos no interior.

Dr. Jon Henderson explicou, “Existem sítios afundados mais antigos no mundo, mas, nenhum pode ser considerado uma cidade planejada tal qual esta. Por isso, é única.”

A cidade é tão antiga que existia no período em que o épico Ilíada foi ambientado. Pesquisas em 2009 revelaram que se estende por cerca de 9 acres (36.421 m2). Enquanto evidências, mostram que foi habitado antes de 2800 a.C.

O arranjo é tão claro que o chefe da equipe de Nottingham conseguiu criar o que acreditam ser uma reconstrução 3D extremamente precisa da cidade.

Já, os historiadores acreditam que era um centro de comércio para as civilizações minoica e micênica. Espalhados pelo local há grandes recipientes de armazenamento feitos de barro, estátuas, ferramentas do dia a dia e outros artefatos.

Momento congelado do passado

Entretanto, o nome original, bem como o papel exato no mundo antigo, é desconhecido. “É um achado raro e significativo porque, como submerso, nunca foi reocupado, portanto, representa um momento congelado do passado”, explicou Elias Spondylis, do Ministério da Cultura grego no New Scientist .

Pavlopetri hoje

Provavelmente, o fundo marinho mais pesquisado do mundo, a cobertura do sítio Pavlopetri foi canalizada para proteger os vestígios arqueológicos. Em 2011, a BBC produziu um documentário impressionante intitulado Pavlopetri – The City Beneath the Waves. Em cartaz no Primevideo.com.

Fontes: Mar Sem Fim, BBC.