A revista Science publicou um artigo que resume pesquisas de cientistas chineses que mapearam um gene capaz de estimular o metabolismo de plantas. Em seguida selecionaram os ativados quando a planta se defronta com a falta de nitrogênio no solo ou quando a quantidade de luz é alta e a planta precisa aumentar sua eficiência para aproveitar o dia ensolarado. Foi assim que descobriram um gene chamado OsDREB1C, ativado nessas duas condições.
Segundo os dados oficiais, metade da área habitável do planeta é utilizada para a produção de alimentos. Eles são consumidos pelo homem ou utilizados para alimentar animais. A agricultura também produz combustíveis (etanol) e roupas (algodão).
O desenvolvimento tecnológico tem aumentado a produtividade por hectare, mas o aumento da área dedicada à agricultura tem entrado em conflito com a necessidade de preservação das florestas e outros habitats naturais. Nessa premissa, pesquisadores chineses descobriram o gene, chamado OsDREB1C, que é capaz de aumentar em 50% a produção por hectare.
Durante dois anos plantas de arroz com o gene OsDREB1C ativado foram testadas no campo. Quando comparadas com plantas normais, produzem de 41% a 68% mais toneladas de arroz por hectare. Nessas plantas a captura de nitrogênio do solo e a fotossíntese são mais eficientes, as plantas florescem mais cedo, o número de grãos por espigas é maior, os grãos crescem mais rápido e ficam maiores. Centenas de genes alteram seu funcionamento para que isso ocorra, e todos eles sob comando do gene OsDREB1C. Esse gene existe em todas as plantas e resultados similares foram obtidos em trigo.
Isso destaca que existe uma capacidade latente substancial para aumentar a fotossíntese escondida nos genomas das plantas. Além disso, essa capacidade latente está presente em abundância mesmo em plantas submetidas a milhares de anos de melhoramento por meio de melhoramento vegetal. Nos testes, produziram plantas geneticamente modificadas nas quais o gene OsDREB1C permanece constantemente ativado. O resultado é uma planta que “imagina” estar sempre com falta de nutrientes e com excesso de luz. O resultado é foi surpreendente: os grãos de arroz e trigo modificados aumentaram 50% a produção por hectare plantado.
Tudo indica que essa descoberta pode revolucionar a agricultura no médio prazo. Esse processo é complexo, depende da capacidade da planta de captar água e nutrientes do solo, da eficiência fotossintética e da capacidade de acumular açucares e seus derivados na forma de biomassa (grãos, folhas, raízes e caules). Isso envolve centenas de genes que precisam ser regulados de maneira coordenada.
A ciência sabe que há genes capazes de coordenar a atividade de enormes grupos de outros genes. O que os cientistas chineses fizeram foi identificar mais de 100 desses genes.
No artigo “The quest para more food – Rice yield is increased by boosting nitrogen uptake and photosynthesis”, na tradução: “A busca por mais comida – o rendimento de arroz é aumentado aumentando a absorção de nitrogênio e a fotossíntese”, é descrito todo o processo da pesquisa.
Melhorar a fotossíntese é considerado como um dos caminhos mais promissores para aumentar o rendimento das culturas. Uma característica comum desses sucessos é que eles têm como alvo os processos metabólicos, alterando a taxa e/ou o caminho do fluxo de metabólitos através da planta para atingir taxas mais altas de fotossíntese.
Fonte Compre Rural, Zé Dudu.