Cientistas encontram formas de vida misteriosas em cavernas do Havaí

Embora pequenos, os micróbios só perdem para as plantas em termos de importância para o planeta. Por isso, alguns pesquisadores se desdobram a entender o que comem, onde andam e como vivem esses seres minúsculos.

Desta vez, cientistas norte-americanos encontraram grupos desconhecidos de microrganismos na ilha do Havaí. Eles se destacam pela vida dentro de cavernas geotérmicas, de tubos de larvas e até de aberturas vulcânicas (fumarolas), um padrão ainda pouco conhecido pela comunidade científica mundial.

Segundo os pesquisadores, as estruturas onde esses organismos habitam têm entre 65 e 800 anos e quase não recebem luz solar. Conhecidas por abrigar minerais e gases tóxicos, elas agora também carregam como característica os tapetes de micróbios. Além disso, quanto mais antigo, maior a diversidade de seres dentro de um espaço.

“Levantamos a hipótese de que tubos de lava mais antigos teriam maior diversidade filogenética, provavelmente devido à estabilidade das condições ambientais nos tubos de lava e maior biointemperismo da rocha, tornando os nutrientes mais prontamente disponíveis”, escreve o grupo.

Para chegar a esse achado, os cientistas estudaram as estruturas rochosas em dois períodos diferentes: entre 2006 e 2009, e entre 2017 e 2019. Ao todo, foram sequenciadas 70 amostras de materiais que revelaram formas de vidas únicas, em um resultado maior que o esperado.

O artigo que mostrou as descobertas foi conduzido por sete estudiosos e publicado na revista científica Frontier in Microbiology. Eles sugerem que a diversidade filogenética -isto é, a evolução dos seres lá encontrados- é muito superior à de outros locais. “Isso sugere que cavernas e fumarolas são ecossistemas diversos pouco explorados”, dizem.

Dada a sua complexidade, o mundo dos micróbios ainda é pouco explorado pela ciência. Estima-se que 99,99% das espécies sejam desconhecidas. Então, segundo os pesquisadores, essa novidade deve abrir caminho para que outros organismos sejam igualmente descobertos.

Por que a descoberta é importante

A formação de organismos microscópicos está intrinsecamente ligada à vida humana e ao planeta. Eles podem responder questões, por exemplo, em relação à saúde do solo e a produção agrícola, mas sua presença se dá em inúmeros lugares, lembram os cientistas.

Acompanhamentos como esse, que revelam a maneira como os seres vivem e se multiplicam, se tornam cada vez mais necessários em face às mudanças climáticas e as condições da terra em determinadas regiões do planeta.

“O estudo dessas comunidades é também importante para questões de biotecnologia, gerenciamento sustentável de recursos e biorremediação. Isso ainda se aplica à exploração espacial e ao potencial de minerar outros corpos planetários e asteroides próximos”, pontuam.

Fonte: Um Só Planeta, Canaltech, Época.

Foto: Reprodução.