Cientistas recriam perfume usado por Cleópatra.

Ruínas, ferramentas, ornamentos, documentos. São achados desse tipo que geralmente orientam arqueólogos no estudo de sociedades antigas.

Mas, recentemente, alguns pesquisadores passaram a se dedicar também a coisas intangíveis – como cheiros.

Nesse tipo de trabalho, os cientistas buscam identificar moléculas de substâncias aromáticas preservadas em objetos antigos. Ruínas, ferramentas, ornamentos, documentos. São achados desse tipo que geralmente orientam arqueólogos no estudo de sociedades antigas.

E não só: às vezes, tentam também reconstruir alguns desses cheiros. É o caso da equipe liderada por Robert Littman e Jay Silverstein, arqueólogos da Universidade do Havaí, que afirmam ter descoberto qual era o perfume usado por Cleópatra, a última rainha do Antigo Egito, que se manteve no poder entre 51 a.C e 30 a.C.  Cleópatra provavelmente recorria a uma fragrância popular entre a elite egípcia: o perfume mendesiano, fabricado na antiga cidade de Mendes.

A essência foi recriada pelos cientistas com base em receitas de antigas escrituras em hieróglifos, análise química de fragrâncias da época e expedições arqueológicas no antigo Império.

A pesquisa começou em 2012, a partir de escavações feitas na antiga cidade de Mendes. Naquele ano, os arqueólogos encontraram ruínas do que seria uma fábrica de perfumes de mais de 2 mil anos, famosa em todo o Mediterrâneo por seus produtos. Durante a expedição, os estudiosos encontraram fornos, artefatos e antigos vasos cerâmicos feitos de argila que continham resíduos de fragrâncias, supostamente utilizadas para preparar o perfume.

Depois de dez anos de muito trabalho, os cientistas acreditam terem finalmente encontrado o cheiro preferido de Cleópatra. Conhecido como “Perfume Mendesiano”, a recriação utilizou ingredientes como óleo de tâmara, canela, mirra e resina de pinheiro. “Os aromas foram criados através da fumaça da queima de resinas perfumadas, cascas e ervas, ou através da maceração por resinas, flores, ervas, especiarias e madeira”, explica a equipe.

Os resultados da descoberta foram publicados em setembro de 2021 na revista norte-americana Near Eastern Archaeology. O método para encontrar a verdadeira fragrância da última rainha egípcia utilizou moléculas dos frascos da fábrica com fluorescência de raios-X que, em seguida, foram combinados a química moderna. O produto final obtido pela equipe foi um aroma “extremamente agradável acompanhada de doçura”, apelidado “Eau de Cleopatra”.

Fontes: Superinteressante, Fator RH, Revista Oeste.