A existência dos Corais da Amazônia foi revelada na maior revista científica do mundo, a Science Advances, em um estudo assinado por 39 pesquisadores de 12 instituições, tanto brasileiras quanto internacionais. A descoberta foi considerada uma das mais importantes da biologia marinha da última década. Cientistas do mundo todo ficaram muito felizes por ver que a natureza encontra saídas para a vida em regiões que parecem inóspitas.
Como está na bacia da foz do Rio Amazonas, os recifes sobrevivem onde não se acreditava ser possível: em grandes profundidades e em locais aonde quase não chega luz. A água da região é turva porque o rio Amazonas carrega com ele pedaços de floresta: restos decompostos de árvores, folhas, terra, animais e tudo o que tiver caído em suas correntezas. Há pontos em que a luminosidade não passa de 2%. Sem luz para fazer fotossíntese, o recife conta com a ajuda de bactérias que produzem matéria orgânica. Ainda assim, algumas seções tinham 30 metros de altura e se estendiam por 300 metros de comprimento.
Descobertos há apenas cinco anos, localizados na foz do rio Amazonas, entre a Guiana Francesa e o estado do Maranhão, eles formam o que os cientistas hoje chamam de Grande Sistema de Recifes do Amazonas (GARS, em inglês), com 56 mil quilômetros quadrados de extensão — do tamanho do estado da Paraíba.
Assim como no caso da Grande Barreira de Corais da Austrália, não se trata de um único gigantesco recife, mas de uma grande rede de ambientes recifais que se conectam ecologicamente, formando o que os pesquisadores acreditam ser um “corredor de biodiversidade” entre o Mar do Caribe e o Atlântico Sul. Uma das evidências é que já foram encontradas ali tanto espécies de peixes que são originárias do sul do oceano Atlântico quanto do Caribe.
Entretanto, essa região está ameaçada pela exploração petrolífera, realizada por uma empresa francesa. Pesquisadores, o Greenpeace, associações de pescadores e agrupamentos indígenas locais vêm buscando, junto a organizações públicas nacionais e internacionais, a proteção dessa área.
Inclusive, Ministério do Meio Ambiente e Energia da França já se pronunciou contra a exploração de petróleo na região dos corais, demonstrando ainda interesse em transformar a região costeira amazonense em patrimônio da humanidade.
Fontes: Jornal USP, Greenpeace, National Geographic, Revista Bioika.