Todos os anos, desde 2008, o Dia Mundial dos Oceanos é comemorado no dia 8 de junho pela Organização das Nações Unidas (ONU) para mostrar ao mundo a importância essencial dos mares do planeta – afinal, eles ocupam cerca de 70% da superfície da Terra.
Em 2024, a ONU celebrou a data no dia 7 com o tema “Awaken New Depths”, algo como “Despertar de Novas Profundezas” (em tradução livre) para tentar alertar o mundo e mostrar como a nossa relação com o oceano precisa mudar urgentemente. O objetivo é também motivar um impulso generalizado em prol do oceano, como descreve o site da celebração de 2024.
Isso porque, a cada dia, as mudanças climáticas estão afetando mais e mais os níveis dos oceanos por conta do aquecimento global, que vem elevando a temperatura média global anual e pode ultrapassar os 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Isso impacta diretamente o derretimento das calotas polares e, consequentemente, o aumento do nível dos mares.
Cidades no mundo todo devem sofrer grandes mudanças até 2050, segundo estudos da revista científica Nature, porém países inteiros também podem ser afetados drasticamente e desaparecerem submersos pelas águas nas próximas décadas.
Para muitas nações insulares do Oceano Pacífico, as mudanças climáticas trazem várias ameaças graves à sua existência. O aumento do nível do mar, devido ao derretimento das camadas de gelo continentais ameaça afogar as ilhas que já são mais baixas, como as Maldivas, as Ilhas Marshall, Polinésia Francesa, Vanuatu, Nova Caledônia, Papua Nova Guiné e Tuvalu, entre outros, segundo explica o centro de pesquisa norte-americano Woods Hole Oceanographic Institution.
Em um estudo realizado pelo grupo norte-americano Union of Concerned Scientists (UCS), vários países localizados no Pacífico Sul têm risco de praticamente desaparecer por completo. As Maldivas, formadas por 1.200 pequenas ilhas e com cerca de 540 mil habitantes, é o país mais plano da Terra, com uma elevação média de apenas 1 metro. Se as Maldivas sofrerem um aumento do nível do mar da ordem de apenas 45 cm, perderão cerca de 77% de sua área terrestre até 2100, algo que pode ocorrer mesmo antes dessa data.
A situação de outro país é ainda mais grave. Tuvalu, nação no meio do Pacífico Sul formada por um conjunto de nove atóis e belas ilhas de coral, abriga pouco mais de 11 mil pessoas, mas está praticamente condenada. Tuvalu chocou o mundo, em 2021, quando seu Ministro de Relações Exteriores, Simon Kofe, apareceu em um vídeo de terno e gravata no meio do mar que cerca o país alertando e pedindo aos líderes mundiais que tomassem medidas contra a mudança climática.
Isso porque Tuvalu enfrenta a dupla ameaça do aquecimento global e o subsequente derretimento das calotas polares e das geleiras. Além do aumento do nível do mar, Tuvalu está sendo cada vez mais castigada por eventos climáticos mais frequentes e severos, como ciclones e tempestades, como relata um artigo publicado no site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Undp).
Até 2050, estima-se que metade da maior ilha do arquipélago, Fongafale, será inundada pelas águas das marés. Com a mudança climática representando um risco para a infraestrutura, a segurança alimentar e o fornecimento de energia, prevê-se que 95% da terra será inundada por marés altas rotineiras até 2100, se nenhuma ação para tomada, segundo a Undp.
Em 2023, a ONU publicou um comunicado sobre o tema alertando sobre os perigos cada vez mais eminentes da elevação dos níveis oceânicos. O mundo testemunhará “um êxodo em massa de populações inteiras em uma escala bíblica”, disse o Secretário-Geral da ONU António Guterres ao traçar um retrato alarmante da crise emergente que o aumento do nível do mar prenuncia, observando o impacto do fenômeno sobre vidas e meios de subsistência em regiões e ecossistemas de todo o mundo.
Fonte: National Geographic.
Foto: Terry Virts Nasa