Desmatamento na Amazónia brasileira caiu 33,6% no primeiro semestre de Lula

Após cinco anos consecutivos de alta, a área sob alerta de desmatamento na Amazônia teve queda de 33% no primeiro semestre de 2023, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (6) pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

Apesar dessa queda pontual, o desmatamento na Amazônia cresceu 59,5% durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.

Os números são considerados preliminares e foram coletados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora alterações na cobertura florestal.

Na comparação com o dado do mesmo mês em 2022, houve redução de 41% na área desmatada no bioma.

Apesar dessa queda pontual, o desmatamento na Amazônia cresceu 59,5% durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988 2018. Esse número é o menor desde 2018 (488,1 km²).

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na campanha e em fóruns internacionais, se comprometeu a zerar o desmatamento até 2030.

A ministra da pasta, Marina Silva, disse que o governo “voltou a ser transparente” com a divulgação dos dados, mesmo que ainda não sejam os esperados, e com a apresentação das ações.

“Ninguém fica brigando com os dados do satélite, escondendo o satélite, querendo demitir o presidente do Inpe”, disse Marina.

“Nós atingimos o primeiro objetivo que foi rever a tendência de alta”, disse o secretário-executivo José Paulo Capobianco.

Entre os nove Estados da Amazônia Legal, só o Mato Grosso registrou alta no desmate (7,1%). No Amazonas, houve queda de 55,2%.Em Rondônia, a diminuição proporcional do desmatamento foi de 55,8%. E no Pará, de 32,6%.

No cerrado, a queda foi de 14,6% em relação a junho do ano passado, com 876 km² desmatados. O número positivo vem depois de uma alta de 83% registrada em maio.

Considerado um dos meses de maior risco de desmatamento por estar no período seco, junho deste ano teve uma queda de 41% na área sob alerta, se comparado a igual mês do ano passado.

As queimadas, no entanto, sofreram elevação. De janeiro a junho, 8.344 focos de calor foram computados no bioma, também de acordo com o INPE. O número, o maior desde 2019, representa um aumento de 10,7% em relação ao mesmo período de 2022.

Os estados que mais contribuíram para este aumento foram Mato Grosso, com 4.569 (55%); Pará, com 1.482 (18%); e Roraima, com 1.261 (15%) focos de calor no ano de 2023.

Na Amazônia, foram registrados 3.075 focos de incêndio – maior índice para o mês desde 2007, quando a marca chegou a 3.519. No cerrado, junho teve 4.472 focos, o número mais elevado desde 2010, quando foram computados 6.443 focos.

Em Mato Grosso 82% das queimadas aconteceram em áreas registradas como privadas e 12% em terras sem definição fundiária. Os outros 6% dos focos registrados aconteceram em Terras Indígenas e Assentamentos Rurais.

O segundo estado com maior número de queimadas em junho foi o Pará, com 20% do total para o bioma no período. Nesta unidade da federação, 61% das queimadas aconteceram em áreas declaradas como privadas, 15% em assentamentos, outros 15% em áreas sem definição fundiária, 3,6% em Terras Indígenas, 3% em Florestas Públicas e 2,4% em Unidades de Conservação.

“Diferentemente de outros países, onde há incêndios naturais, na Amazônia tem incêndio oriundo do desmatamento, de atividade humana. A melhor forma de combater os incêndios é combatendo o desmatamento. E é isso que estamos fazendo”, afirmou a ministra Marina Silva.

Desmatamento na Amazônia

Segundo o secretário executivo do ministério, José Paulo Capobianco, a redução do desmatamento é importante por reverter a tendência de alta que era contabilizada no segundo semestre de 2022, quando houve aumento de 54% na área sob alerta de desmatamento na Amazônia.

O balanço apresentado também mostra que Mato Grosso superou o Pará como estado com maior área sob alerta de desmatamento, com 34% do total contabilizado. O estado contrariou a tendência regional e teve aumento de 7,1% na área sob alerta de desmatamento no primeiro semestre de 2023.

O levantamento apresentado mostrou que 50% dos registros se concentram em 20 municípios considerados altamente críticos para o desmatamento. Entre eles, sete estão em Mato Grosso, seis no Pará, seis no Amazonas e um em Rondônia.

Alerta em alta no Cerrado

Diferentemente da Amazônia, o Cerrado teve aumento de 21% na área sob alerta de desmatamento no primeiro semestre de 2023, segundo o Deter/Inpe. Apesar dessa alta acumulada no primeiro semestre, o mês de junho teve queda de 14%, o que pode indicar o início de um declínio após um mês de maio que registrou alta de mais de 80% no alerta de desmatamento na região.

No caso do Cerrado, 81% do desmatamento está concentrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e da Bahia, conhecidos como região Matopiba. Entre eles, o maior peso está na Bahia, que concentra 28% das áreas sob alerta no bioma.

No cerrado, é possível desmatar até 80% da área de propriedades privadas (ou até 65% em locais de transição para floresta amazônica), enquanto na Amazônia o limite é de 20%. Essa questão é vista por ele como central para o avanço do desmate na região.

Fiscalização

Na apresentação dos dados, o Ibama complementou que o número de autos de infração neste semestre subiu 166% na Amazônia, com a aplicação de R$ 2,3 bilhões em multas, em 3.341 autos de infração. Já no Cerrado, foram 417 autos de infração, com R$ 113,8 milhões em multas.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por sua vez, aplicou 1.141 autos de infração na Amazônia no primeiro semestre, o que representa um aumento de 348% sobre a média dos primeiros semestres dos quatro anos anteriores, com R$ 125 milhões em multas. Já no Cerrado, foram 56 autos de infração e R$ 13,4 milhões em multas, números muito menores devido à menor presença de unidades de conservação no bioma.

Juntos, os dois órgãos de fiscalização apreenderam mais de 6 mil cabeças de gado em área de desmatamento ilegal na Amazônia.

Fonte: Agência Brasil, ((O))Eco, G1, Folha SP,  O Observador.

Foto Bruno Kelly/Amazonia Real.