Desmatamento na Amazônia

A divulgação dos dados que apontam que o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou, atingindo a maior taxa desde 2006, ganhou ampla repercussão na imprensa internacional, que levantando dúvidas sobre se o Brasil conseguirá cumprir o prometido na COP26, a conferência do clima da ONU, ocorrida recentemente em Glasgow, na Escócia.

A Amazônia brasileira perdeu 13.235 quilômetros quadrados de árvores em um ano, de acordo com o último balanço anual, divulgado nesta quinta-feira com enorme discrição pelo governo de Jair Bolsonaro. A cifra indica que o desmatamento ilegal entre agosto de 2020 e julho de 2021 aumentou 22% em relação ao período anterior, quando somou 10.851 quilômetros quadrados. É a maior registrada nos últimos 15 anos.

Esse balanço anual, elaborado com medições de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é o mais esperado por todos os envolvidos na proteção e preservação da maior floresta tropical do mundo. Neste ano, a nota aponta um fracasso clamoroso.

O saldo foi conhecido quando o governo o disponibilizou na internet, sem anúncio ou apresentação, por meio de uma nota. A declaração não está datada dessa última quinta-feira, 18/11, mas do último dia 27 de outubro, portanto, antes do início da cúpula do clima COP26. Cientistas e ONGs ambientalistas acusaram o Executivo e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, de terem ocultado as informações de que dispunham durante as negociações nas quais o Brasil se comprometeu a eliminar completamente o desmatamento até 2028.

O Observatório do Clima afirma que esses 13.235 quilômetros quadrados desmatados ilegalmente em um ano revelam “o triunfo do projeto ecocida de Bolsonaro”. Para o Greenpeace, “o governo tentou lavar sua imagem em Glasgow sabendo que havia quebrado um recorde de desmatamento”. A organização alertou que o cerco ao Brasil está se estreitando porque, por exemplo, a Comissão Europeia propôs impedir a entrada nos mercados da União Europeia de soja, cacau, café, óleo de palma, carne bovina, madeira e seus derivados, caso venham de áreas de desmatamento.

Na mesma linha, o Instituto Socioambiental afirmou que o desmatamento está “fora de controle” e que “a ampliação de estradas responde por 95% do desmatamento na Amazônia”. A entidade criticou a tramitação do que chama de “PL da Boiada”, o Projeto de Lei 2.159/2021, que prevê a flexibilização de regras para licenciamento ambiental.

Na imprensa internacional, a agência espanhola EFE e o portal argentino Infobae estiveram entre os primeiros veículos a reportar o trágico dado. A EFE enfatizou que a área desmatada é similar ao território de Montenegro e superior a de países como  Catar, Jamaica e Kosovo.

Já o britânico Guardian, com base em informações da agência de notícias Reuters, disse que os novos dados minam “as garantias do presidente Jair Bolsonaro de que o país está reduzindo a extração ilegal de madeira”.

Para o francês Le Monde, “Nada parece impedir o desmatamento da parte brasileira da Amazônia”. “A maior floresta tropical do mundo continua encolhendo, apesar das promessas feitas pelo governo brasileiro.

O Le Monde lembra ainda que desde que Bolsonaro assumiu o governo o Brasil desmata a uma taxa anual de 10 mil km², “o equivalente à superfície do Líbano”.

O também francês Le Figaro pontuou que “o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou quase 22% em um ano, ultrapassando 13 mil km², um recorde inigualável em 15 anos, que lança dúvidas sobre a vontade declarada do governo Jair Bolsonaro de reverter a tendência”.

Fontes: BBC, El País, Folha SP, Econotícias, Ambiente Brasil,Carta Capital.