O Rio Grande do Norte teve um aumento de 70% na perda de cobertura vegetal, de acordo com dados do mais recente Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) 2021, do MapBiomas. Em todo o Estado, a área desmatada cresceu de 3.972 hectares (ha) em 2020 para 6.760 ha no ano passado. Os municípios de Mossoró, Serra do Mel, Serrinha, Marcelino Vieira e Taipu são os que registram os piores cenários. O avanço das perdas foi registrado praticamente em todo o País, cuja taxa de crescimento de áreas desmatadas ficou em 20%. O aumento no RN, portanto, ficou acima da média nacional.
Os meses de abril e dezembro do ano passado foram os campeões em desmatamento no Estado: os registros indicam 1.400,81 ha e 1.028,16 ha, respectivamente. Em seguida vêm os meses de março (960,88 ha) e maio (826,45 ha). Mossoró, com pior cenário, teve 513,7 ha de área desmatada; Serra do Mel contabilizou 421,09 hectares; Serrinha perdeu 369,32 ha de cobertura; Marcelino Vieira e Taipu tiveram áreas de 297,83 ha e 228, 21 hectares devastados, nesta ordem.
O relatório aponta, ainda, que o Alto Oeste potiguar é a região do Estado com maior número de municípios com grandes concentrações de perdas. Além de Mossoró, Marcelino Vieira e Serra do Mel, Baraúna (226,77 ha) e Apodi (181,02 há), tiveram números significativos no tocante ao desmatamento em seus territórios. Na Região Metropolitana de Natal, Macaíba e Ceará-Mirim merecem atenção: as áreas devastadas em cada município são de 180,28 e 51,73 hectares, respectivamente.
Os dados do relatório são referentes a áreas com o equivalente a mais de 0,7 ha de desmatamento. A agricultura, conforme o relatório, é a principal causa do problema no Rio Grande do Norte (77,9%). Os números também trazem dados sobre alertas de perda de cobertura vegetal (quando há um evento ou indicativo de desmatamento em um determinado local). A caatinga é o bioma que mais preocupa, com 788 alertas para risco de devastação em uma área de 6.687 hectares no Estado. A Mata Atlântica contabilizava seis alertas em uma área de 73 ha.
Apesar do aumento, o Estado melhorou duas posições dentre as demais federações do País, saindo da 16ª em 2020 para a 18ª em 2021. Paraíba e Pernambuco, com desempenho melhor do que o RN em 2020, tiveram índices de aumento no número de área desmatada muito superiores ao do Rio Grande do Norte no ano passado.
Enquanto no RN o índice ficou em 70%, em Pernambuco, as áreas devastadas cresceram 279% entre um ano e outro. Já na Paraíba, o aumento foi de 147%. O Rio Grande Norte ficou entre os 13 estados brasileiros com taxa de desmatamento acima da média brasileira, segundo o relatório do MapBiomas.
O que diz o Idema
O Diretor Geral do Idema, Leon Aguiar, disse que as ações para o combate ao desmatamento no Rio Grande do Norte são executadas a partir de denúncias feitas ao órgão. “Ao receber as denúncias, entramos em campo para saber se, de fato, houve desmatamento”, pontua. Segundo o relatório, apenas 10,6% da área desmata em 2021 contavam com alguma ação de fiscalização federal ou estadual.
Leon Aguiar questiona os dados em razão da ausência de informações distintas, as quais poderiam oferecer mais clareza em torno dos números, segundo avalia. “O próprio relatório não distingue o que considera desmatamento. Há uma mistura de informações daquilo que é irregular e do que foi autorizado por órgãos ambientais”, afirma.
“Nós não consideramos, por exemplo, que áreas autorizadas para supressão de vegetação são consideradas desmatamento. Como não há essa distinção no relatório, a gente entende que nem tudo que o MapBiomas aponta pode ser considerado como área desmatada”, acrescenta Aguiar.
Conforme explica o próprio relatório, dentre os conceitos usados para validação dos dados está o desmatamento primário, que refere-se ao desmatamento da floresta ou vegetação nativa primária, além do desmatamento secundário, que refere-se à supressão da vegetação secundária (área que foi desmatada anteriormente e que está em processo de regeneração da vegetação).
Segundo o MapBioma, o principal conceito utilizado é o desmatamento primário, “entretanto, as áreas de desmatamento secundário, quando verificadas, também são incluídas nos dados”. O relatório, no entanto, não faz nenhuma divisão, dentro das estatísticas, sobre a que tipo de desmatamento os números se referem. A validação e definição da ocorrência de desmatamento são realizadas a partir de imagens de satélite diárias de alta resolução espacial, segundo o relatório. Após isso, é feito o cruzamento do dado de perda de cobertura vegetal com recortes territoriais como biomas, estados e municípios.
Fonte: TN RN.