Enquanto a cúpula da COP26, na Escócia, buscou responder à emergência climática, aparecem cada vez mais termos técnicos e jargões típicos do debate sobre o clima. Em seguida, a explicação de alguns deles:
Acordo de Paris
Para enfrentar as mudanças climáticas e seus impactos negativos, os líderes mundiais firmaram, durante a COP21, em dezembro de 2015, o histórico Acordo de Paris. O pacto estabelece metas de longo prazo para orientar todas as nações na tentativa de frear uma catástrofe climática.
Entre essas metas, está a redução substancial de emissões globais de gases de efeito estufa, a fim de limitar o aumento da temperatura global no século 21 a 1,5ºC, comparado com a era pré-industrial. Também fazem parte do acordo a revisão desse compromisso de cinco em cinco anos, e as contribuições financeiras para os países em desenvolvimento mitigarem a mudança climática, fortalecendo a resiliência e melhorando a capacidade de adaptação aos impactos do clima.
Adaptação
Encontrar maneiras de se ajustar aos impactos da mudança climática induzida pelo ser humano, incluindo condições climáticas extremas. A ideia é moderar os danos, por exemplo, construindo moradias longe de locais vulneráveis ao fogo ou à elevação do nível do mar. O financiamento climático será vital para financiar medidas de adaptação.
Antropoceno
A atividade humana teve tal impacto sobre o clima e o meio ambiente que levou a uma nova época geológica, o Antropoceno. A metade do século 20 é considerada o momento em que as atividades humanas transformaram o sistema terrestre, especialmente através do rápido aumento das emissões de dióxido de carbono (CO2).
Bloqueio de carbono (carbon lock-in)
Os sistemas de energia baseados em combustíveis fósseis têm sido tão dominantes que inibem os esforços para introduzir energia alternativa. Os bloqueios de carbono acontecem quando a energia alimentada a carvão, gás e petróleo cria uma inércia que inibe a transição para alternativas de emissão zero. Relacionado ao conceito de lock-in tecnológico, o termo é mais utilizado em relação ao desafio de alterar a infraestrutura energética atual para responder às mudanças climáticas globais.
Captura e armazenamento de carbono
Visa à redução das emissões de carbono, capturando o CO2 produzido pela geração de energia ou pela atividade industrial, e depois o armazenando em profundidade no subsolo.
Comércio de carbono
Também conhecido como cap and trade, esse incentivo, baseado no mercado para cumprir as metas de redução de carbono, limita as emissões de gases de efeito estufa e as divide em licenças de emissão comercializáveis, ou créditos de carbono. Se uma empresa extrapola seus créditos, terá que comprar mais de alguém que reduziu as emissões e tem créditos de carbono. Quanto menores as emissões, menores os custos, e maior o lucro.
COP
A Conferência das Partes é o órgão supremo das convenções da ONU, incluindo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC). Todos os Estados que são partes da convenção estão representados na COP, durante a qual revisam a implementação das metas estabelecidas no Acordo de Paris, por exemplo, e decidem como melhor alcançar as medidas de mitigação do clima.
Descarbonização
É o processo pelo qual países, indivíduos ou outras entidades visam atingir zero emissões de carbono fóssil, em grande parte associadas à eletricidade, à indústria e ao transporte. A descarbonização exige passar por um processo de transição energética, ou seja, realizar uma mudança estrutural que elimine o carbono da geração de energia.
Emissão líquida zero (net zero)
Emissão líquida zero (em inglês, net zero) significa cortar as emissões de gases estufa para o mais próximo possível de zero, por exemplo, movendo-se em direção a uma economia verde e buscando fontes de energia renovável e limpa. Também faz parte desse conceito a reabsorção de emissões remanescentes em oceanos e florestas.
Mas se a humanidade continuar a emitir gases que causam as mudanças climáticas, as temperaturas subirão bem mais do que 1,5ºC, alcançando níveis que ameaçam a vida e o sustento humanos em todo o planeta. Por isso um número cada vez maior de países está assumindo o compromisso de alcançar a emissão líquida zero até 2050.
Financiamento climático
De um modo geral, o financiamento climático está relacionado ao dinheiro que precisa ser gasto numa ampla gama de atividades, a fim de reduzir as emissões que causam as mudanças climáticas e ajudar as populações a se adaptarem e criarem resiliência aos impactos já ocorrentes.
Gases do efeito estufa
Um dos mais importantes processos de mitigação das mudanças climáticas envolve intervenções humanas para reduzir as emissões de gases-estufa, seja por cortes diretos nas fontes de emissão ou pelo aumento de dispositivos capazes de absorver esses gases. O dióxido de carbono (CO2) é o gás que mais contribui para o efeito estufa, originando-se, sobretudo, no desmatamento e na queima de combustíveis fósseis.
Entretanto, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) considera outros cinco gases: metano, oriundo principalmente de atividades agropecuárias e dos sistemas de produção de energia; óxido nitroso, também fruto de atividades dos sistemas agroalimentares; hidrofluorocarbono e perfluorocarbono, ambos usados pela indústria de refrigeração e aerossóis; e hexafluoreto de enxofre, um composto sintético usado na produção de energia elétrica.
Imposto sobre o carbono
Na taxa de carbono, o governo estabelece um preço que os emissores devem pagar por tonelada emitida de gás de efeito estufa. Esse imposto difere do comércio de carbono, por oferecer um nível mais alto de certeza sobre o custo, mas não sobre o nível de redução de emissões a ser alcançado.
Intensidade de carbono
Medida comumente usada por países em desenvolvimento no contexto da redução de emissões. Por vezes também denominada fator de emissão, ela mede o CO2 liberado por unidade de produção econômica, em geral expressa no Produto Interno Bruto (PIB).
Justiça climática
Tanto os mais pobres e mais vulneráveis do mundo quanto gerações futuras sofrerão os piores impactos da alteração do clima global. A justiça climática visa compartilhar de forma equitativa e justa os encargos da mudança climática através de um amplo investimento na mitigação, adaptação e desenvolvimento sustentável.
Meta dos 1,5ºC
Em 2018, um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU que avalia cientificamente as mudanças climáticas, apontou que limitar até o ano 2100 o aumento da temperatura global a, no máximo, 1,5°C acima dos níveis pré-industriais ajudaria a evitar um colapso dos ecossistemas e manteria o clima num patamar habitável. Não apenas energia e transporte, mas crescimento econômico, desenvolvimentos tecnológicos e estilo de vida são levados em conta na meta dos 1,5ºC de aquecimento.
Mitigação
Redução das emissões de gases de efeito estufa e aumento de seus sumidouros, visando limitar o aquecimento global.
Neutralidade de carbono
Neutralidade de carbono é compensar as emissões de CO2 com a remoção de uma quantidade equivalente da atmosfera por meio do sequestro em sumidouros de carbono, seja no solo, florestas ou oceanos. Como esses sumidouros estão sendo danificados ou, no caso das florestas, abatidos, as emissões precisam ser igualmente diminuídas para manter a neutralidade carbônica.
Orçamento de carbono
É a quantidade de emissões de gases de efeito estufa que a humanidade pode emitir no século 21 e ainda manter em 1,5ºC o aumento da temperatura. Os orçamentos de carbono estão associados ao limite de emissão e a créditos ou licenças de carbono, estabelecidos como parte de um esquema de limitação e comércio.
Preço do CO2
No contexto de um esquema de comércio de emissões, o preço do carbono pode se referir ao custo das emissões por tonelada ou ao custo dos créditos de carbono. Quanto mais alto o preço do carbono, maior o incentivo para reduzir as emissões, ou seja, é também um indicador do custo econômico da mitigação. Preço de carbono também se refere à percentagem de um imposto carbônico, que dá um preço às emissões.
UNFCCC
Em 1992, na Cúpula da Terra realizada no Rio de Janeiro, 154 países assinaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) para combater “a perigosa interferência humana no sistema climático”, reduzindo as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera. O Protocolo de Kyoto, de 1997, consagrou pela primeira vez as medidas sob a UNFCCC, antes de ser substituído pelo Acordo de Paris, de 2015.
Fontes: DW, BBC, WWF.
E bem exclarecedor.