Efeito Lázaro 3 – Espécie de Morcego que se Acreditava Extinta é Redescoberta

O morcego australiano Pipistrellus murrayi, nativo da ilha Christmas, entrou hoje para o grupo dos animais extintos. O último Pipistrellus murrayi tinha sido visto em agosto de 2009.

A declaração de extinção foi feita em Gland, na Suíça, pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), na nova atualização da Lista Vermelha.

A lista inclui agora 87.967 espécies, das quais 25.062 ameaçadas de extinção.

Os motivos que levaram ao desaparecimento morcego Pipistrellus murrayi não ficaram claros para a IUCN.  Pode ser uma combinação da introdução de espécies predadoras de fora na ilha com o impacto das formigas-loucas amarelas, que são invasivas e comiam suas presas invertebradas, ou uma doença desconhecida.

“Nossas atividades como humanos estão levando espécies ao limite tão rapidamente que é impossível para os conservacionistas avaliarem os declínios em tempo real”, disse Inger Andersen, diretora da IUCN.

Há mais de 1.400 espécies de morcego conhecidas no mundo. Algumas podem ser tão grandes como um cão pequeno, apresentando uma envergadura das asas que pode chegar a 2 metros de comprimento, e outras pequenas, do tamanho de uma abelha, pesando não mais do que 2 gramas. E entre tantas diferentes, uma delas é conhecida pela sua face inusitada, com orelhas gigantescas e um nariz em forma de ferradura, daí seu nome: morcego-ferradura (Rhinolophus hilli).

Todavia, durante 40 anos acreditou-se que essa espécie de morcego estava extinta na natureza. Endêmico da Ruanda, na África, só havia sido observado no Parque Nacional de Nygunwe. Mas no começo do mês, um grupo de pesquisadores internacionais anunciou que conseguiu registrar novamente o morcego-ferradura de Hill.

“Soubemos imediatamente que o morcego que capturamos era incomum e notável. As características faciais eram exageradas ao ponto de cômicas. Os morcegos-ferradura são facilmente distinguíveis de outros morcegos pela forma característica de ferradura”, revelou Winifred Frick, cientista chefe da Bat Conservation International (BCI).

Durante a expedição realizada no parque de Nygunwe, os cientistas coletaram dados acústicos e morfológicos dos indivíduos encontrados para poder comparar com amostras de museus e ainda, facilitar registros futuros.

Uma das estratégias sendo utilizadas agora pelos guardas do parque de Ruanda é a instalação de gravadores para detectar os morcegos durante seus voos noturnos pela floresta. Em análises iniciais, obtidas em 23 localidades durante um período de nove meses, o morcego-ferradura foi ouvido em oito delas, em áreas bastante restritas, o que confirma ser ele uma espécie muito rara.

Como demora muitas décadas para que uma espécie seja realmente declarada oficialmente extinta, até hoje a Rhinolophus hilli ainda era classificada como criticamente em risco de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). E deve continuar assim.

“Ao iniciar este projeto [em 2019], temíamos que a espécie já estivesse extinta. Redescobrir o morcego ferradura de Hill foi incrível – é surpreendente pensar que somos as primeiras pessoas a ver esse morcego em tanto tempo”, disse Jon Flanders, diretor de Intervenções em Espécies Ameaçadas da. “Agora nosso trabalho real começa: descobrir como proteger essa espécie no futuro”.

Apesar de muitas vezes ser visto com temor pelos seres humanos, os morcegos têm um papel importante em seus ecossistemas. Algumas plantas dependem parcial ou totalmente dos morcegos para polinizar suas flores ou espalhar suas sementes, além disso, esses mamíferos voadores (únicos mamíferos do planeta a ter essa habilidade) também ajudam a controlar pragas comendo insetos.

Alguns morcegos usam a chamada “ecolocalização” para voar e caçar, enquanto outros dependem do olfato e da visão para encontrar comida. Certas espécies se alimentam de pequenos animais como sapos e peixes, e outras são insetívoras, consumindo apenas insetos.

Em geral, as fêmeas de morcegos têm um filhote por ano. A expectativa de vida desses mamíferos gira em torno de 30 anos.

Fontes: O Observador, Conexão Planeta, Visão, Circuitod.