A orquídea da espécie Octomeria estrellensis foi declarada extinta há mais de meio século na Mata Atlântica. Característica do Estado de São Paulo, ela retornou ao bioma em julho deste ano com uma ajudinha da ciência.
Por meio do Legado das Águas, maior programa de conservação privado de florestas atlânticas, a espécie foi reproduzida em laboratório após ser redescoberta na natureza em 2017. O processo que usou técnicas de reprodução in vitro e polinização manual gerou cerca de mil mudas, o que permitirá a propagação da espécie para outras áreas de floresta e sua retirada da lista de flora extinta da região.
Após mais de três anos de estudo e período de reprodução, as mudas foram reintroduzida nas trilhas da floresta da Reserva no mês de julho. Outras espécies de orquídeas e plantas estão em processo de reprodução em laboratório, e poderão ser encaminhadas para outras Unidades de Conservação do país. Há, ainda, planos de comercializar orquídeas do bioma, o que criaria uma nova cadeia produtiva e desestimularia a coleta ilegal na floresta.
“Esse é um importante marco para flora da Mata Atlântica. Estamos falando de uma enorme possibilidade de ter evitado a total extinção da espécie na natureza. A Octomeria estrellensis é uma micro-orquídea endêmica do Brasil, ocorrendo somente na Mata Atlântica, fator que aumenta a necessidade de ações de conservação da espécie. Esse resultado mostra, na prática, como o investimento em pesquisa científica retorna como negócios viáveis”, disse, em nota, o biólogo Luciano Zandoná, que redescobriu a espécie na natureza.
Em quatro anos de parceria no Legado das Águas, que pertence ao grupo Votorantim, Zandoná resgatou 7 mil orquídeas e registrou 232 espécies na floresta da Reserva. Desse total, 14 constam na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção, entre elas a Octomeria estrellensis.
Fonte: Um só Planeta.