Convocada pela ONU-Habitat e coorganizada com o Ministério Polonês de Fundos de Desenvolvimento e Política Regional e o Escritório Municipal de Katowice, a décima primeira sessão do Fórum Urbano Mundial (WUF11) acontecerá, pela primeira vez, na Europa Oriental.
De 26 a 30 de junho, a cidade polonesa sediará esse evento mundial sobre urbanização sustentável, no qual serão examinados os desafios mais prementes que o mundo enfrenta. E espera-se a presença de milhares de participantes: representantes de governos nacionais, regionais e locais, academia, setor privado, organizações não governamentais e intergovernamentais, agências das Nações Unidas e público em geral.
O Fórum Urbano Mundial é realizado a cada dois anos e é a principal conferência global sobre cidades e uma das maiores reuniões abertas no cenário internacional. A rápida urbanização e seu impacto nas comunidades, economias, mudanças climáticas e pobreza estarão na agenda de junho.
Com o objetivo de fornecer maior compreensão e clareza sobre o futuro com base nas tendências, desafios e oportunidades existentes, e sugerir maneiras pelas quais as cidades podem estar mais bem preparadas para lidar com futuras pandemias e crises.
Nas palavras de Maimunah Mohd Sharif, diretora executiva do Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas, essa edição do Fórum visa “mobilizar ações para a sustentabilidade urbana em todos os níveis, e ser capaz de responder aos impactos da rápida urbanização”.
Esses Fóruns surgiram em 2001, por iniciativa das Nações Unidas. A primeira edição foi realizada em Nairóbi, no Quênia, em 2002. E agora é a vez de Katowice, na Polônia. A candidatura da cidade foi selecionada por um comitê da ONU-Habitat, das Nações Unidas para o Meio Ambiente, UNICEF e UNESCO. Ela já sediou a COP24 em dezembro de 2018, e, para Maimunah Mohd Sharif, é “um exemplo de regeneração urbana que pode servir para abrir caminho para a criação de metrópoles sustentáveis, prósperas e inclusivas que gerem oportunidades para todas as pessoas.”
Esses são, sem dúvida, desafios urgentes. Segundo o Banco Mundial, cerca de 55% da população do mundo, 4,2 bilhões de pessoas, vivem em áreas urbanas. Uma tendência que deverá continuar e que em 2050 poderá duplicar, atingindo sete em cada 10 habitantes. A expansão do consumo do solo urbano supera o crescimento populacional em até 50%, e espera-se que em três décadas sejam adicionados 1,2 milhão de quilômetros quadrados de nova superfície urbanizada, pressionando a terra e os recursos naturais.
De fato, as cidades são responsáveis por dois terços do consumo mundial de energia e mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa.
Por outro lado, os últimos anos da pandemia tornaram visível, mais do que nunca, a necessidade de reimaginar os territórios, os estilos de vida urbanos têm sido objeto de inúmeros debates. E o acesso equitativo que eles oferecem a serviços básicos, alimentação saudável, espaços de atendimento e áreas verdes tem sido questionado durante esse período.
Como nossas cidades respondem às necessidades básicas da população? Mantêm uma relação sustentável com o meio ambiente em que estão registradas? São perguntas que precisam ser respondidas com urgência.
Durante o período de confinamento, também foram publicadas inúmeras fotografias de espécimes de várias espécies animais percorrendo as ruas desertas das grandes cidades. E pudemos, ou soubemos, ouvir melhor do que nunca o canto matinal de alguns pássaros que, encontrando as cidades vazias, recuperaram um ritmo muito mais natural.
Alguns hábitos humanos também mudaram e, dada a escassez ou a dificuldade de sair para comprar comida, novas iniciativas de apoio mútuo viram luz verde nos bairros. Viver em ambientes saudáveis tornou-se uma demanda social que, sem dúvida, exigirá políticas efetivas e inclusivas baseadas no bem comum.
Como imaginamos e concebemos o futuro? Como queremos projetar cidades? A covid-19 mostrou a vulnerabilidade dos bairros diante de grandes crises. E esse Fórum constitui um novo espaço para repensar, trocar e propor políticas reais que permitam implementar as mudanças necessárias. Porque as formas como os seres humanos habitam o planeta não são fruto do acaso, mas de decisões compartilhadas.
Fonte: El País