Sinais de rádio misteriosos vindos do espaço vivem intrigando cientistas, que buscam respostas para entender a origem desse fenômeno. No entanto, alguns casos acabam chamando mais atenção, como essa pesquisa do MIT (Massachusetts Institute of Technology) em parceria com instituições dos Estados Unidos e Canadá, que detectou um sinal de rádio bastante persistente vindo de uma galáxia bem distante de nós.
Antes que pense que isso é uma tentativa de comunicação alienígena, existem outras hipóteses bem mais prováveis para este fenômeno. Esse tipo de sinal é chamado de explosão de rádio rápida (FRB na sigla em inglês) e geralmente dura alguns milésimos de segundo. No entanto, o que intrigou a equipe de pesquisadores é que, neste caso, o sinal foi detectado por cerca de três segundos, o que fez ele ser classificado como “persistente”.
Além disso, dentro deste pequeno intervalo de tempo, a frequência se repetia a cada 0,2 segundo, fazendo o sinal ser apelidado de “batida de coração“, mas seu nome oficial (sim, aparente ondas de rádio alienígenas recebem nome) é FRB 20191221A. Este é o FRB mais duradouro e claro detectado por astrônomos até hoje.
Origem do sinal de rádio misterioso
Mas o que pode explicar isso? A hipótese mais provável é que o sinal seja causado por uma estrela de neutrons, especificamente por um magnetar ou um pulsar. Ambos os tipos possuem um intenso campo magnético e núcleos colapsados extremamente densos.
No entanto, essas hipóteses são baseadas naquilo que sabemos de nossa própria galáxia e, por enquanto, não há como ter certeza do que está produzindo esse forte sinal localizado em uma galáxia distante. “Exemplos que conhecemos em nossa própria galáxia são pulsares de rádio e magnetares, que giram e produzem uma emissão irradiada semelhante a um farol. E achamos que esse novo sinal pode ser um magnetar ou pulsar em esteróides”, explica Daniele Michilli, do MIT, ao site da instituição.
“Não há muitas coisas no universo que emitem sinais estritamente periódicos”, completa ainda. FRBs são estudados desde 2007, quando o primeiro deles foi detectado, desde então foram milhares de sinais semelhantes identificados. Quase sempre rajadas ultra brilhantes de ondas de rádio que duram alguns milissegundos antes de piscar.
A detecção foi feita utilizando o CHIME, um radiotelescópio interferométrico localizado no Canadá. O sinal atual, apesar da semelhante ao encontrado em um pulsar ou magnetar na nossa galáxia, é muito mais brilhante e duradouro. “Vimos alguns que vivem dentro de nuvens muito turbulentas, enquanto outros parecem estar em ambientes limpos. Pelas propriedades deste novo sinal, podemos dizer que ao redor desta fonte existe uma nuvem de plasma que deve ser extremamente turbulenta”, completa Michilli.
Por enquanto, ainda não existem muitas respostas sobre o sinal, mas o futuro, segundo os pesquisadores, é promissor. “Essa detecção levanta a questão do que poderia causar esse sinal extremo que nunca vimos antes e como podemos usar esse sinal para estudar o universo”, finaliza a cientista. A pesquisa completa está disponível na Nature.
Fonte: Olhar Digital.