O glifosato é o principal ingrediente ativo de diversos pesticidas e herbicidas, entre eles, o Roundup, fabricado pela multinacional Monsanto/Bayer, que nos últimos anos respondeu nos tribunais americanos a uma série de processos de pacientes com câncer, que afirmam terem desenvolvido a doença devido ao uso do agrotóxico.
Registrado em 130 países, o glifosato tem sua utilização aprovada para mais de 100 cultivos diferentes. Todavia, em um relatório publicado em 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que ele pode provocar câncer em animais tratados em laboratório e é um potencial causador de alterações na estrutura do DNA e cromossomos das células humanas.
Atualmente, vestígios desse agrotóxico podem ser encontrados em praticamente todos os alimentos e bebidas que ingerimos. Desde cereais consumidos por crianças no café da manhã até cervejas e vinhos.
Mas apesar disso, em 2019, ano em que a Alemanha aprovou a proibição do seu uso, no Brasil a Anvisa decidiu deixar de considerá-lo “extremamente tóxico”.
E há poucos dias, um novo estudo conduzido por pesquisadores de duas universidades dos Estados Unidos, a Florida Atlantic University e a Nova Southeastern University, associou a presença do herbicida Roundup com convulsão em animais.
Os resultados publicados num artigo científico na Scientific Reports revelaram que o glifosato e o Roundup aumentaram o comportamento de convulsão em lombrigas que vivem no solo, evidência de que eles afetam os receptores GABA-A, pontos de comunicação essenciais para a locomoção e regulação do sono e do humor em humanos.
“A concentração listada para obter melhores resultados no rótulo do Roundup Super Concentrate é de 0,98% de glifosato, cerca de 5 colheres do produto em 1 litro de água. Mas nosso estudo mostra que apenas 0,002% de glifosato, uma diferença de cerca de 300 vezes menos herbicida do que a concentração mais baixa recomendada para uso do consumidor teve efeitos preocupantes no sistema nervoso”, afirma Akshay Naraine, pesquisador da Florida Atlantic University e principal autora do artigo.
Para os cientistas, essa nova evidência sobre os efeitos maléficos da exposição contínua e do acúmulo do glifosato no corpo de animais reforça ainda mais a certeza de que o agrotóxico pode ser o causador de doenças neurodegenerativas, como o Parkinson.
“É preocupante o quão pouco entendemos sobre o impacto do glifosato no sistema nervoso. Mais evidências estão aumentando de quão prevalente é a exposição a ele, então com este trabalho esperamos que outros pesquisadores expandam essas descobertas e solidifiquem onde nossas preocupações deveriam estar”, diz Naraine.
“Dado o quão difundido é o uso desses produtos, devemos descobrir o máximo que pudermos sobre os potenciais impactos negativos que podem existir. Houve estudos feitos no passado que mostraram os perigos potenciais e nosso estudo vai um passo adiante com alguns resultados bastante dramáticos”, completa Ken Dawson-Scully, vice-presidente sênior e reitor associado da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento Econômico da Nova Southeastern University.
Fonte: Conexão Planeta.
Foto: Gilmer Diaz Estela.