Estudo nos EUA mostra que crianças de 2 a 4 anos contêm mais de 90 compostos tóxicos em seus corpos

Um novo estudo realizado por universidades dos Estados Unidos em parceria com o programa ECHO, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), revelou um dado alarmante: crianças de 2 a 4 anos carregam no corpo uma mistura de até 96 substâncias químicas diferentes, muitas delas associadas a distúrbios hormonais, neurológicos e imunológicos.

Os dados, publicados na revista Environmental Science & Technology, mostram que muitas dessas substâncias sequer são monitoradas regularmente por autoridades de saúde. E o mais preocupante: em muitos casos, os níveis encontrados nas crianças eram superiores aos das próprias mães durante a gravidez.

“As crianças pequenas são especialmente vulneráveis”, explica Deborah Bennett, professora da Universidade da Califórnia e autora principal do estudo. “Elas respiram mais, comem mais proporcionalmente ao peso e vivem em contato direto com o chão e com os objetos ao redor — o que aumenta muito a exposição.”

De onde vêm os contaminantes?

Entre os compostos detectados estão:

Ftalatos e substitutos usados em plásticos de brinquedos e embalagens;

Parabenos, presentes em shampoos, cremes e cosméticos;

Bisfenóis, como o BPS (substituto do BPA); encontrado em alguns tipos de plásticos, revestimentos internos de latas de alimentos e bebidas;

Pesticidas, como o 2,4-D e os neonicotinoides, aplicados na produção agropecuária

Compostos retardadores de chama, encontrados em móveis e roupas;

PAHs, liberados pela fumaça de carros e grelhados;

E até triclosan, um bactericida já banido em muitos países, mas já encontrado em pasta de dente.

A pesquisa analisou amostras de urina de 201 crianças em quatro estados norte-americanos (Califórnia, Geórgia, Nova York e Washington) e encontrou 34 substâncias em mais de 90% das crianças.

Tendências e desigualdades

O estudo também revelou desigualdades sociais e raciais na exposição química. Crianças de grupos raciais e étnicos minorizados apresentaram níveis mais altos de vários compostos, como parabenos e pesticidas.

Outros achados incluem:

Crianças de 2 anos tinham mais exposição que as de 3 ou 4 anos;

Filhos mais novos de uma família apresentavam maior carga química que os primogênitos;

Compostos proibidos, como o triclosan, vêm diminuindo — mas estão sendo substituídos por novas substâncias, ainda pouco estudadas.

O que pode ser feito?

Os cientistas reforçam a urgência de ampliar a biomonitorização e criar regulações mais rígidas para proteger o desenvolvimento infantil.

“A infância é uma fase crítica”, diz Jiwon Oh, coautora do estudo. “Mesmo níveis baixos de certos compostos podem ter efeitos duradouros sobre o cérebro, o comportamento e a saúde.”

Ainda que não seja possível eliminar completamente a exposição, os especialistas recomendam:

Preferir produtos sem fragrância, sem parabenos e sem ftalatos;

Evitar plásticos com os números #3, #6 e #7;

Lavar bem frutas e verduras, e optar por alimentos orgânicos sempre que possível;

Ventilar bem a casa e usar panos úmidos para limpar superfícies;

Lavar as mãos com frequência, principalmente antes das refeições.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Pixabay..

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