Um novo levantamento do dados do Censo Demográfico 2022, divulgado pelo IBGE, destacou as capitais do Nordeste com maior presença de arborização urbana — e Fortaleza conquistou o topo da lista.
De acordo com os dados, 59,7% da população fortalezense vive em ruas com árvores em calçadas, praças ou canteiros. O estudo considerou apenas áreas públicas no entorno das residências, excluindo quintais particulares, e levou em conta as árvores localizadas no mesmo lado da rua do domicílio.
Ranking de arborização das capitais do Nordeste
A seguir, veja como as capitais nordestinas se posicionaram no levantamento:
Posição Capital % da população vivendo em vias arborizadas
1º Fortaleza 59,7%
2º Teresina 57,7%
3º Natal 55,2%
4º João Pessoa 53,2%
5º Recife 51,1%
6º Maceió 46,2%
7º Aracaju 44,3%
8º São Luís 34,3%
9º Salvador 34,1%
Fortaleza também se destaca nacionalmente
Fortaleza não lidera apenas no Nordeste. No ranking nacional, a capital cearense também se destaca, ficando entre as 13 cidades mais arborizadas do Brasil, com 75,2% de suas vias públicas arborizadas — superando a média brasileira, que é de 66%.
De acordo com o secretário de Urbanismo e Meio Ambiente, João Vicente, os números são produtos de um trabalho contínuo da gestão municipal:
“Fortaleza vem mostrando um compromisso real com a arborização urbana, batendo recordes históricos de plantio de árvores e superando a média nacional.”
Compromisso com o verde
Em suma, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) também faz sua parte com práticas:
Em fevereiro, mais de 6 mil mudas foram distribuídas à população.
Em março, mais de 5 mil árvores nativas tiveram plantio em diferentes bairros da cidade em menos de 15 dias.
Essas iniciativas visam aumentar as áreas verdes. Além disso, melhoram a qualidade do ar, combater as ilhas de calor e criar uma cidade mais sustentável e agradável para seus moradores.
Assim, a arborização urbana é essencial para a qualidade de vida nas cidades. Desse modo, Fortaleza vem se destacando como um exemplo no Nordeste e no Brasil. Que outras capitais sigam o mesmo caminho — o futuro agradece.
Natal é a 3ª capital do NE em índice de arborização
Natal tem cerca de 55% das vias com algum tipo de arborização. A capital potiguar é a terceira com maior índice de arborização dentre as capitais do Nordeste, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Porém, apesar do número parecer transparecer uma realidade positiva, a média de arborização é considerada baixa por ambientalistas.
“Na verdade, é muito pouco! Para termos uma ideia, entre as capitais, a mais arborizada é Campo Grande, com 91,4%. Dentre 5.568 municípios, Natal ficou na 3.919ª posição. Tem população que não tem nenhuma arborização na rua, é como se, considerando 780 mil habitantes, houvesse arborização para 433 mil e não tivesse para 352 mil”, alerta Francisco Iglesias, ambientalista.
“A Prefeitura do Natal não conseguiu plantar 30 mil árvores que devia ter plantado nos últimos quatro anos e esse número já é muito pouco. Em Goiânia, por exemplo, foram plantadas em cinco anos 500 mil árvores. Esquecem que quanto mais árvore e calçada, mais beleza a cidade tem. Isso aumenta a percepção de qualidade de vida, atrai moradores, a cidade enriquece e se valoriza, melhora a vida de todos”, critica Iglesias.
A Organização Mundial de Saúde, que usa uma metodologia diferente do IBGE, recomenda que haja uma média de 12 metros quadrados de área verde por habitante. Já a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) também recomenda um índice mínimo de 15 metros quadrados de áreas verdes públicas por habitante.
“Isso equivale, aproximadamente, a três árvores por morador. Se Natal tem 780 mil habitantes, deveria haver, em média, 2 milhões e 800 mil árvores. A arborização urbana traz vários benefícios como qualidade do ar, redução da sensação térmica, redução das temperaturas em áreas edificadas, atenuação da poluição sonora. Em algumas cidades, como Natal, tem áreas de proteção ambiental, mas as áreas edificadas como um todo, mas as áreas centrais têm uma baixa arborização. O ideal seria mais de 80% de arborização, considerando o percentual do IBGE e poucas cidades brasileiras atingiram esse valor”, alerta Malco Jeiel, professor do IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), geógrafo e doutor em Climatologia pela Universidade Autônoma de Madrid.
“O Brasil tem média de 66% [de arborização], não existe um número ideal, o bom seria 100% de arborização nas vias para oferecer maior qualidade de vida para o cidadão. Em Goiânia, por exemplo, eles não têm praias, mas têm 25 parques urbanos bem cuidados em todos os bairros. Aqui você vai nas praças e não tem jardim, na poda eles decepam tudo, não há um sistema de preservação da arborização”, acrescenta Iglesias.
Interior mais arborizado
Algumas cidades do interior apresentaram índice de arborização maior do que o da capital, como Mossoró (74,78%). Em muitas cidades, a média se manteve até acima dos 90%, como em Viçosa (97,9%);
Janduís (97,68%); Serra Negra do Norte (96,65%); Pedro Avelino ( 95,11%); Francisco Dantas (95,1%); Felipe Guerra (95,09%); Riacho da Cruz (94,69%); Ouro Branco (94,46%); Jucurutu (93,98%); Paraná (93,72%); São José do Seridó (93,7%); Carnaubais (93,25%); Passa e Fica (93,18%); Major Sales (92,51%)
Luís Gomes (92,39%); Governador Dix-Sept Rosado (92,23%); Timbaúba dos Batistas (92,22%); Riacho de Santana (92,19%); São Fernando (91,85%); Marcelino Vieira (91,29%); Cruzeta (90,93%); Doutor Severiano (90,91%); Acari (90,89%); José da Penha (90,31%) e Rodolfo Fernandes (90,14%).
Um guia para políticas públicas
Para quem atua no setor ambiental, os dados podem servir de guia para a elaboração de políticas públicas mais assertivas.
“Os dados do IBGE são altamente confiáveis, bem analisados, equipe muito bem prepara que utilizou imagens de alta resolução, o que é importante. Essa é a 1ª vez que o IBGE apresenta um dado desse porte e mostra a importância da questão ambiental, a arborização das áreas urbanas, que é onde vive a população. É importante que esse percentual se mantenha alto. Apenas uma capital brasileira ficou acima dos 90% e cerca de 50% de arborização em torno das edificações, isso é preocupante porque se observa em pesquisas de clima urbano que as cidades apresentam ilhas de calor, como Natal, apresentam temperaturas mais elevadas nas áreas centrais da cidade e edificadas do que as periféricas, isso traz todo um transtorno porque temos clima predominantemente tropical. A arborização é importante para diminuir os gases de efeito estufa, as árvores absorvem CO2 e liberam oxigênio e água para a atmosfera. É preciso uma campanha permanente de arborização, isso traz um alerta para as próximas gerações. Qual o índice que teremos no futuro, nos próximos dez anos se não houver desde já um trabalho de arborização nas cidades?“, questiona Jeiel.
Fontes: NE9, Fator RRH, Saiba Mais.
Foto: Foto Kiko Silva.
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