Incêndio no Maior Parque Ambiental Urbano do Ceará

Parque do Cocó, maior área verde urbana da região, passou na última semana pelo maior incêndio desde sua criação, com 46 hectares atingidos e nevoeiro em vários bairros da cidade. Área é cobiçada por construtoras

O parque, localizado na área nobre da cidade e historicamente disputado em meio à especulação imobiliária, se expande ao longo de 15 bairros. Por conta do incêndio, vários deles amanheceram na quinta-feira encobertos por uma densa fumaça. Avenidas foram fechadas e duas linhas de ônibus tiveram o percurso alterado. Escolas interromperam aulas e enviaram os alunos de volta para casa, e alguns moradores das áreas mais afetadas tiveram de deixar suas casas, por conta da dificuldade para respirar.

O parque formado por uma extensa mata ciliar, mangues e dunas, abriga uma série de árvores nativas e exóticas, além de centenas de espécies de animais, algumas delas em risco de extinção. “O parque tem mais de 1.500 hectares de área verde em uma cidade que já perdeu entre 80% e 90% da sua área verde natural.

Um dos mais relevantes patrimônios ecológicos da cidade, o Cocó viu inúmeros prédios serem erguidos nos últimos anos. Algumas das construções têm praticamente entrada privativa para as trilhas do parque. Avenidas e viadutos também foram construídos, abocanhando parte da área verde, apesar dos inúmeros protestos de ambientalistas, que argumentavam sobre impactos no complexo ecossistema de seus mangues. Tantas pressões estenderam por décadas seu processo de regularização, com direito a inúmeras ocupações do parque feitas por ativistas. Somente após 45 anos de luta o parque foi finalmente oficializado, em 2017.

Por enquanto, ainda não se sabe exatamente o que provocou o incêndio. “Todo incêndio ali é criminoso, porque a lei ambiental não autoriza uso de fogo na área.

Nos últimos sete anos, foram registrado 45 incêndios no parque, quatro deles apenas em 2021. Geralmente pela queima de lixo por moradores das redondezas do parque ou por queimadas causadas por motivos de especulação imobiliária.

O parque também tem 30 quilômetros de cercas feitas com grades para limitar o acesso e começou a implantar câmeras de monitoramento e contratou 300 brigadistas que deverão garantir a segurança da população nas áreas de lazer, além de ajudar no controle de incêndios.

Fontes: El País, G1, Diário do Nordeste, Isto É.

Um comentário

  1. fabio said:

    muito triste.

    28/11/2021

Comments are closed.