Inscrições em mão de bronze podem revelar passado do idioma basco

Cinco palavras inscritas em um objeto histórico achado em 18 de junho de 2021 podem mudar a linha do tempo de uma família linguística precursora do basco moderno, a vasconica. Segundo o instituto de pesquisa basco Aranzadi Science Society, o artefato tem a forma de uma mão humana e foi datado em 2,1 mil anos.

“A peça em questão é uma chapa de bronze cuja pátina contém 53,19% de estanho, 40,87% de cobre e 2,16% de chumbo, algo comum em ligas muito antigas, e esta em particular teria cerca de 2.000 anos”, explica, em nota, o diretor da escavação, Mattin Aiestaran.

A descoberta foi anunciada na última segunda-feira (14). O objeto foi achado no sítio arqueológico de Irulegi, em Navarra, na Espanha, e era utilizado para ser pendurado em portas. Para os pesquisadores, a “mão de Irulegi” tinha como objetivo proteger a casa.

Entre as cinco palavras inscritas que foram descobertas, somente uma foi traduzida pelos estudiosos. Semelhante ao termo do basco moderno “zorioneku”, a palavra “sorioneku” significa “afortunado”, “boa sorte” ou “bom presságio”. As outras palavras, ainda sem significado, são “tenekebeekiratere”, “oTirtan”, “eseakari” e “eraukon”.

“Esta peça muda completamente o que pensávamos até agora sobre os Vascones e sua escrita”, comenta Joaquín Gorrochategui, professor de linguística indo-europeia da Universidade do País Basco, sobre o povo falante das línguas vascônicas.

As antigas concepções da comunidade científica sobre os vascones, uma tribo da Idade do Ferro centrada no território que compõe a moderna região de Navarra, era de que eles não sabiam ler nem escrever. Outro ponto é que linguistas acreditavam que a tribo só tinha aprendido a escrever quando os romanos invadiram a Espanha e introduziram a escrita latina, o que não condiz com o achado.

Segundo os autores da recente descoberta, o sítio onde a mão foi achada é datado ao século 1 a.C., época anterior à chegada dos romanos. As escritas também foram feitas em um sistema gráfico anterior ao latino.

Para os pesquisadores, a importância da descoberta é o fato de ser o documento mais antigo e extenso escrito em língua basca, além de confirmar o uso da escrita pelos antigos habitantes da área de Navarra no início do século 1 a.C..

Fonte: Revista Galileu.

Foto: Sociedade de Ciencias Aranzadi.