Insegurança alimentar afeta 3 em cada 10 brasileiros, aponta ONU

O médico e geografo Josué de Castro escrevia em 1946, quando não se falava de ecologia, que a fome era o problema ecológico número 1. E o fazia sem nenhum sentido antropocêntrico a que, geralmente, está associada essa afirmação. Afinal todo ser vivo precisar se alimentar.

Os riscos à plena alimentação que o mundo já pode observar estão estreitamente relacionados às questões socioambientais, que impactam diretamente a agricultura, como as mudanças climáticas, a qualidade do solo, a disposição de água limpa, o combate à poluição, e principalmente de fatores econômicos, políticos e demográficos.

A quantidade de brasileiros que enfrentaram algum tipo de insegurança alimentar chegou à marca de 61,3 milhões , de acordo com um relatório divulgado hoje pela Organização das Nações Unidas (ONU), que considerou o período entre 2019 e 2021. Ou seja: essa situação afeta três em cada dez habitantes do Brasil, que tem uma população estimada em 213,3 milhões. Desse total, 15,4 milhões passaram por insegurança alimentar grave. As definições adotadas pela entidade são estas duas:

insegurança moderada – pessoas que não tinham certeza sobre a capacidade de conseguir comida e que, em algum momento, precisaram reduzir a qualidade e quantidade dos alimentos consumidos;

e insegurança grave – pessoas que ficaram sem alimentos, passaram fome e chegaram a ficar sem comida por um dia ou mais.

Entre 2014 e 2016, a insegurança alimentar atingiu 37,5 milhões, sendo 3,9 milhões na condição grave. A nova versão da pesquisa aponta ainda que, no ano passado, 2,3 bilhões de pessoas em todo o mundo lidaram um cenário de insegurança alimentar moderada ou severa, um acréscimo de 350 milhões com relação ao observado antes da pandemia de Covid.

Enquanto isso, um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) descobriu que o mundo está mergulhado numa epidemia de desperdício de alimentos. Em 2019, os consumidores jogaram fora quase um bilhão de toneladas de alimentos, ou 17% de toda a comida que compraram.Também é ruim para o planeta. Cerca de 10 por cento de todas as emissões de gases de efeito estufa vêm da produção de alimentos que, em última análise, são jogados fora.

O estudo também mostrou que as mulheres sofreram mais com o problema. De acordo com as projeções, em 2030 serão 670 milhões de pessoas passando fome no planeta, o que equivale a 8% da população global.

Fonte: Unep, Scielo, G1, Brasil Sem Fome.