Maior planta marinha do mundo está desaparecendo

A maior planta marinha do mundo está desaparecendo. Chama-se possidônia e é a vegetação principal do fundo do mar do Mediterrâneo. A possidônia existe há 100.000 anos, quando a Europa ainda era habitada pelos neandertais.  A espécie vive geralmente aos 18 metros de profundidade.

Com o desaparecimento da maior planta marinha outras espécies também sumirão

De acordo com o biólogo marinho Manu San Felix, se nada para feito, em menos de dez anos esse “pulmão” do Mediterrâneo deve desaparecer. Como consequência, milhares de espécies do Mediterrâneo ocidental também devem sumir para sempre.

A possidônia está espalhada por todo o fundo do mar mediterrâneo. Ela é um viveiro para mais de mil espécies diferentes. Incluindo esponjas, estrelas do mar, moluscos, centenas de peixes, cavalos marinhos, robalos e meros.

Maior planta marinha do mundo já perdeu 44% de sua extensão

Entre 2008 e 2012, de acordo com um estudo da consultoria ambiental Vellmari Oceansnell, a possidônia havia perdido 44% de sua extensão. E cerca de 300 milhões de unidades de sua espécie.

Embarcações de recreio, o maior inimigo

Hoje sabe-se que o maior inimigo da posidonia são as embarcações de recreio. Milhares de barcos fundeiam diariamente durante os meses de julho e agosto nas águas do Mar Mediterrâneo. Suas âncoras e correntes desmatam e destroçam a vegetação do fundo do mar. Principalmente a possidônia.  No caso de navios de grande porte, entre 40 e 100 metros, com âncoras de 200 quilos, e correntes de centenas de metros, as áreas desmatadas são imensas.

Manu San Felix, depois de uma década na luta pela proteção da planta, estima que o ‘desmatamento’ entre os meses do verão europeu, julho e agosto, chega a ser de até 720.000 metros quadrados. Equivalente a 72 campos futebol.

Maior planta marinha do mundo é capaz de absorver meio milhão de toneladas de CO2 por ano

Um estudo publicado pela Nature apontou que a possidônia pode gerar, junto com a pesca, matéria orgânica, e outros bens, um valor de até 14.500 euros por hectare por ano. Investigação do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados (IMEDEA) observou que a possidônia é capaz de absorver meio milhão de toneladas de CO2 por ano, e gerar até 20 litros de oxigênio por metro quadrado.

Embora vários estudos científicos confirmem que este é um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, a indústria naval das Ilhas Baleares, defende que a possidônia segue sob proteção e que está fora de perigo de extinção.

A cada ano se perde entre 1% a 5% da população desta espécie. Outra causa da perda é o processo de tropicalização da Europa, uma consequência do aquecimento das águas dos oceanos.

Maior planta marinha cresce apenas 2 centímetros por ano

A possidônia cresce apenas dois centímetros por ano. E sua produção de sementes é muito baixa diante das perdas que acontecem pelo destroçamento realizado por âncoras e correntes.

Se a possidônia desaparecer, o primeiro efeito para o Mediterrâneo será a perda da cor turquesa, e a transparência das águas, que atrai milhões de turistas.

Vigilância impossível

Quem ancora na região do Mediterrâneo, e Ilhas Baleares, pode ser multado em até 2.000,00 euros por causar danos.  Mas não há meios suficientes para vigiar todos os navios e barcos que ameaçam a maior planta marinha do mundo.

Atualmente a pressão maior para a vigilância na região vem de grupos de ecologistas, da Cruz Vermelha, e de dezenas de voluntários. A bordo de caiaques ou pranchas de surf, voluntários visitam as zonas mais movimentadas e informam os fiscais sobre os danos avistados.

O biólogo San Felix disse que, a possidônia é tão valiosa, tão delicada, que não podemos nos dar ao luxo de perder nem mais um metro quadrado

O biólogo luta para definir e regulamentar locais fixos e obrigatórios para os barcos de recreio.

Fonte: Mar Sem Fim.

Foto: Ilustração.