Meteorito abriu Enorme Cratera na Groenlândia há 58 Milhões de anos

Uma imensa cratera no noroeste da Groenlândia, enterrada sob uma espessa camada de gelo e vista pela primeira vez em 2015, é muito mais antiga do que se suspeitava, haja vista ter sido formada por um impacto de meteorito há 58 milhões de anos, em vez de 13 mil anos atrás. Um novo estudo, conduzido por cientistas do Instituto GLOBE, Museu Sueco de História Natural e Museu de História Natural da Dinamarca, mostra que, na verdade, a formação é mais antiga do que se pensava.

Conhecida como “Cratera Hiawatha”, a formação foi descoberta com a ajuda de radares. Esses dispositivos disparam ondas de rádio para a superfície da Terra, e depois essas ondas retornam e encontram um receptor. Com os radares, é possível mapear a topografia do que há sob o gelo da Groenlândia. Foi assim que os cientistas descobriram uma grande depressão escondida sob a camada congelada.

Observações posteriores confirmaram a sua existência, com bordas elevadas e picos centrais, e os cientistas suspeitaram se tratar de uma cratera de impacto com 31 km de diâmetro, mas a idade da formação continuou como um objeto de especulações. A pesquisa original trabalhou com evidências indiretas para chegar a um limite superior da idade da formação com base na estrutura do gelo e dos arredores e, na época, os autores concluíram que ela era jovem.

Cientistas disseram nesta quarta-feira (9) que usaram dois métodos diferentes de datação em areia e rocha que sobraram do impacto para determinar quando a cratera – com cerca de 31 quilômetros de largura – foi formada. Eles descobriram que um meteorito, com cerca de 1,5 a 2 km de diâmetro, atingiu a Groenlândia em torno de 8 milhões de anos depois que um impacto de um asteroide maior, na Península de Yucatán, no México, exterminou os dinossauros.

A cratera fica abaixo da Geleira Hiawatha, da Groenlândia, coberta por uma camada de gelo de 1 km de profundidade. Ela permaneceu sem ser detectada até que dados de radar alertaram os cientistas sobre sua existência. É uma das 25 maiores crateras de impacto conhecidas da Terra. Ao longo das eras, a Terra foi atingida por rochas espaciais inúmeras vezes, embora mudanças graduais na superfície do planeta tenham apagado ou obscurecido muitas das crateras.

A Groenlândia, durante a época do Paleoceno, não era o lugar gelado que é hoje e, em vez disso, era coberta por florestas tropicais temperadas, povoadas por uma variedade de árvores e habitada por alguns dos mamíferos que se tornaram os animais terrestres dominantes da Terra depois que os dinossauros foram extintos. “O impacto teria devastado a região local”, disse o geólogo do Museu Sueco de História Natural Gavin Kenny, principal autor da pesquisa publicada na revista Science Advances. O meteorito liberou milhões de vezes mais energia do que uma bomba atômica, deixando uma cratera grande o suficiente para engolir a cidade de Washington.

Para solucionar o mistério da idade dessa formação, os cientistas do Museu de História Natural da Dinamarca e do Instituto GLOBE coletaram amostras de grãos de areia e rochas da cratera. Depois eles aqueceram o material com gás argônio, liberado pelos grãos quando o evento ocorreu. Enquanto isso, os pesquisadores do Museu Sueco de História Natural coletaram outras amostras da cratera e determinaram a idade delas através da datação do zircão mineral.

“Estou convencido de que determinamos a idade real da cratera, muito mais antiga do que várias pessoas pensaram”, disse Michael Storey, do museu dinamarquês. Portanto, a cratera foi formada na Época do Paleoceno Tardio, em um período muito anterior à Groenlândia ser coberta por gelo, quando lá havia uma floresta tropical temperada.

Quando o asteroide responsável pela cratera caiu, atingiu o local com uma paraça alguns milhões de vezes maior que aquela de uma bomba atômica. O impacto provavelmente teria destruído parte da Groenlândia, mas os cientistas não sabem ao certo quais seriam os outros efeitos. Como a cratera é pequena em termos de escala global, podem não ter sido grandes. Mesmo assim, os autores esperam continuar investigando-a para entender os efeitos de sua formação em escalas locais e globais.

Fontes: Canaltech, Folha SP, Agência Brasil.