Uma pesquisa divulgada esta semana revela que o risco hídrico alimentado pela mudança climática poderá custar US$ 5,6 trilhões (cerca de R$ 29 trilhões) até 2050 em apenas sete países: Filipinas, Estados Unidos, Austrália, China, Emirados Árabes, Canadá, Reino Unido.
A maior parte deste prejuízo estará concentrada nos EUA (acima de US$ 4 trilhões, aproximadamente R$ 20 trilhões), seguido da China (acima de US$ 1 trilhão, cerca de R$ 5 trilhões).
Em termos proporcionais, as Filipinas seriam as maiores penalizadas do grupo, com uma perda anual estimada em 0,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto).
O estudo intitulado “Aquanomics: The economics of water risk and future resilience” foi conduzido pela empresa GHD, que atua no segmento de estudos de viabilidade, planejamento, criação e gerenciamento de projetos. Segundo a empresa, esta é a primeira vez que o risco hídrico foi calculado em nível de PIB e por setor.
A pesquisa afirma que a intensificação já observada das mudanças climáticas levará ao agravamento de tempestades, e apenas as chuvas intensas em si têm um potencial de danos estimado em US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões) nos sete países até 2050. Inundações (seus efeitos para além das chuvas ou sem a interferência delas) e secas levariam a US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 7,5 trilhões) e US$ 607 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões) de perdas adicionais, respectivamente.
Dos cinco setores empresariais considerados pela pesquisa como os mais vitais para a economia global, a indústria e a distribuição seriam as mais afetadas por desastres decorrentes da mudança do padrão de chuvas —US$ 4,2 trilhões (cerca de R$ 22 trilhões) em perdas são estimados até a metade do século.
A razão é que a escassez de água perturba a produção, enquanto tempestades e enchentes destroem a infraestrutura de transporte e os estoques.
O setor agrícola, vulnerável tanto à seca quanto às chuvas extremas, perderia até 332 bilhões de dólares (cerca de R$ 1,5 trilhão) nos países listados até 2050. Outros setores que enfrentam grandes desafios são o varejo, energia e o setor bancário, e neste último caso, o risco para a área de seguros é crítico, de acordo com a pesquisa.
“O setor de água enfrenta a dupla questão do aumento das necessidades de água, tanto residencial quanto comercial, e uma potencial redução no fornecimento devido à mudança climática. A forma como o setor responde a essas ameaças será um dos desafios mais importantes das próximas décadas”, avalia Rod Naylor, líder global da iniciativa Água do Futuro da GHD.
“Água segura, acessível e confiável é um direito humano fundamental e desempenha um papel cada vez mais crucial em cada parte da economia global, e ainda assim é um dos nossos recursos mais desvalorizados”, continua Naylor.
A pesquisa ressalta que a maior parte dos países investigados na pesquisa têm economias grandes e tecnologicamente avançadas, com recursos que, se implantados rapidamente, podem reduzir esses custos projetados. Além desses sete países, a pesquisa fez estimativas específicas para três regiões dos EUA —Nordeste, Sudeste e Sudoeste.
A GHD afirma ter empregado uma metodologia trifásica para estimar as perdas diretas, perdas por setor e perdas no PIB que podem ser atribuídas ao risco hídrico (secas, enchentes e tempestades) entre 2022 e 2050. A modelagem foi construída pela Cambridge Econometrics.
Fonte: UOL.
Imagem: China Daily/ Reuters.