Então, você pensou no Titanic não? Claro. Antes de mais nada, é o mais famoso. Entretanto, o naufrágio mais mortal da história, marco terrível da navegação mundial, não é este. Mas o do navio Wilhelm Gustloff em 1945. Pesquisando na net encontramos matéria publicada em 2017 dando conta deste macabro episódio.
NV Wilhelm Gustloff
Segundo o www.elespanol.com, O naufrágio que “envergonha” o Titanic e ninguém fala, ‘em 1945 o navio nazi Wilhelm Gustloff foi atingido por três explosivos de um submarino soviético. Como consequência afundou no Mar Báltico com, pelo menos, 9 mil refugiados a bordo. Isso significa seis vezes mais do que o número de mortes no afundamento do Titanic‘.
A história do Wilhelm Gustloff
O nome é uma ‘homenagem ao mártir’ suíço do nacional-socialismo, assassinado em 1936. Foi construído entre 1936 e 1937 em Hamburgo para a Força pela Alegria, organização civil que promovia atividades culturais e recreativas para trabalhadores alemães.
Suas dimensões eram de 208 m de comprimento, boca (largura) de 23.5 m, e calado de 6,5 m. Com velocidade de 15,5 nós, deslocava 25.400 T. Apenas a tripulação era de 417 pessoas, enquanto comportava até 1.465 passageiros.
Logo depois de pronto, uma das rotas mais regulares era ao arquipélago da Madeira com escala em Lisboa. O pt.wikipedia diz que ‘o tamanho, o luxo sóbrio e o fato de permitir viagens em classe única para todos, impressionou à época’.
Contudo, com a guerra tornou-se navio hospital. E trazia para casa os feridos da campanha de Narvik na Noruega. Em seguida, transformado em navio alojamento, foi entregue à escola de submarinos para uso em sala de aula além de quartel.
O naufrágio mais mortal da historia
Nesse meio tempo, a Segunda Grande Guerra estava no fim. Berlim ameaçava cair ante o avanço russo. Era apenas uma questão de tempo para o fim do Terceiro Reich.
Assim, nos últimos meses da guerra, diz o www.elespanol.com, foi utilizado para resgatar refugiados que tentavam fugir dos avanços soviéticos, partindo de Gotenhafen (Gdynia, na Polônia), rumo ao norte.
Apesar de sua capacidade de 1.500 passageiros e cerca de 400 tripulantes, o caos na cidade polaca acabou por levar para bordo uma massa de pessoas impossível de contabilizar.
Testemunhos dizem que seria algo em torno de 10 mil pessoas. Entre eles mil oficiais e marinheiros, 300 órgãos auxiliares do corpo feminino da Armada e, além disso, 4 mil crianças.
Operação Hannibal
Com o avanço soviético, a população alemã apavorada, entre civis e militares, deslocou-se para a cidade que, simultaneamente, era o local onde estava o Wilhelm Gustloff. Entretanto, viram-se encurralados.
Desse modo, a única salvação era a fuga pelo Báltico. Por isso, o Gustloff teve o papel de uma espécie de Arca de Noé, como já foi comparado por historiadores.
Para o documentário do National Geographic Channel, The Last Voyage of the Wilhelm Gustloff ‘Estima-se que 9.400 pessoas morreram no naufrágio. Esta seria a maior perda de vida durante um naufrágio na história marítima’.
30 de janeiro de 1945, temperatura de menos 20º C
A noite gélida sinalizava o horror que estava por vir. A bordo do Gustloff cerca de 10 mil pessoas se espremiam para achar um canto abrigado dos ventos.
Segundo o elespanol.com, ‘O navio recebeu uma pequena escolta, contudo pouco efetiva. Em primeiro lugar, o único navio que o acompanhava estava com o sensor detector de submarinos congelado’.
‘Além disso, em um ponto, ele acendeu brevemente as luzes para evitar colidir com um caça-minas. Um intervalo curto, porém suficiente para sua ruína. Permitiu que o submarino soviético S-13 identificasse o clarão.
Wilhelm Gustloff torpedeado
O primeiro torpedo (‘Motherland’) explodiu contra a proa, ativando as anteparas e isolando os sobreviventes no que se tornaria uma armadilha mortal. O segundo (‘Stalin’) destruiu a piscina coberta esvaziada para abrigar os ajudantes da Marinha, que morreram instantaneamente. Finalmente, o terceiro (‘povo soviético’) destruiu a sala de máquinas e tornou o navio inviável.
A partir de então, foram vividos cinquenta minutos agonizantes de luta e caos entre as pessoas, com um número pequeno de botes salva-vidas. Além disso, muitos não puderam ser baixados devido ao congelamento dos cabos.
Cenas terríveis
Cenas terríveis ocorreram. Alguns militares atiraram nos próprios parentes para evitar a morte por afogamento. O smithsonianmag.com vai além.
‘O Gustloff foi palco de uma luta louca pela sobrevivência. Um deles, Horst Woit, que tinha apenas 10 anos viu pessoas – muitas delas crianças – pisoteadas até à morte em um esforço para subir as escadas e entrar em um bote salva-vidas’.
Morte na água gelada era iminente
Para aqueles que permaneceram no convés, tornava-se evidente que a morte era iminente. Schön, que acabou dedicando anos a estudar o naufrágio ao qual havia sobrevivido, mais tarde contou no documentário do National Geographic Channel a agonizante decisão de um pai pendurado no navio inclinado – ainda usando a suástica no braço – de atirar em sua esposa e filhos.
Entretanto, ficou sem balas quando colocou a arma em sua própria cabeça. “Então se soltou e deslizou atrás de sua esposa morta e seus filhos pelo convés gelado”, lembrou.
Enquanto isso, os barcos de resgate convocados pelo Gustloff se aproximaram para resgatar os sobreviventes, enfrentaram o mesmo dilema dos botes salva-vidas, ou seja, quem buscar e quando parar. Eles também estavam em risco com o S-13.
O comandante do torpedeiro Robert Hering, a bordo do T-36 , teve que tomar a decisão de deixar muitos para trás, quando seu barco estava em plena capacidade. Em seguida, fez manobras evasivas para não sofrer o mesmo destino que o Gustloff.
Como resultado, pouco mais de uma hora após os torpedos o atingirem, o Gustloff afundou. Assim, encerra o smithsonianmag.com, qualquer que seja a categoria em que essas vítimas se encaixem – estagiários de submarinos, mulheres auxiliares navais, juventude hitlerista, recrutas relutantes, além de civis, mães e crianças – elas fizeram parte de uma tragédia marítima que ainda não teve rival em escala.
Fonte: Mar Sem Fim.
Imagem: Wikimedia Commons.